Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Tobar Acosta, María del Pilar |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://repositorio.unb.br/handle/10482/32462
|
Resumo: |
Este estudo partiu de uma inquietação epistemológica acerca da potência da(s) violência(s) como processo fundamental para a conformação de práticas sociais, bem como do potencial de resistência expresso por grupos minoritários em termos de poder (SEGATO, 2003; QUIJANO, 2014; GROSFOGUEL, 2010). Mapeei nós focais de que e para que convergiam distintas atividades discursivas realizadas na articulação de três marchas de mulheres que ocorreriam em 2015: a Marcha Mundial das Mulheres, a Marcha das Margaridas e a Marcha das Mulheres Negras. Baseada na vertente latino-americana de Análise de Discurso Crítica (RESENDE, 2008, 2009; RAMALHO; RESENDE, 2011; PARDO; RUIZ, 2016), e em diálogo com pensamentos latino-americanos e africanos (MOGOBE, 1992; NGOENHA, 1993; MIGNOLO, 2000; GROSFOGUEL, 2008; NASCIMENTO, 2010), realizei um esforço pela estruturação de um método de pesquisa solidário – a metodologia da oprimida (FREIRE, 2015; GAUTHIER, 1999; HARAWAY, 1995). Para responder às questões da pesquisa, estruturei um conjunto de procedimentos de caráter etnográfico (GEERTZ, 1975) e de etnografia virtual (HINE, 2000) a partir dos quais coletei e gerei textos que tematizavam as marchas em foco. A abordagem por que optei foi a de focalizar processos discursivos prototipicamente relacionados ao significado identificacional. As análises permitiram acessar aspectos da estética da reexistência constituída pelo trabalho de si realizado por protagonistas das marchas focalizadas. Esse trabalho de si, pela solidariedade inerente à reexistência, desdobra-se como trabalho das outras e para as outras, em que a atitude das mulheres cujas práticas investiguei inclina-se fortemente ao compromisso e à responsabilidade com todas as mulheres. Cada uma das marchas apresenta especificidades caracterizadas pelos saberes vivenciais de suas protagonistas. A Marcha Mundial das Mulheres traz para a cena de lutas feministas a dimensão internacionalista, que permite reunir forças pelo seu enraizamento em diferentes territorialidades. A Marcha das Margaridas oferece ao mundo um conjunto de tecnologias, como o cuidado e a afetividade, que podem ser empregados para fazer política de outro modo. A Marcha das Mulheres Negras, realizando-se como marcha à vez declaratória, reivindicatória e contestatória, marca um momento significativo de construção de um lugar de fala dessas mulheres. Assim, as marchas de mulheres que tinham como lastro distintos processos históricos convergiram em Brasília em 2015, construindo um marco de resistência aos processos de violação que foram agudizados naquele momento pelo golpe em curso no Brasil. Ao mesmo tempo essas marchas legaram, a partir de performances identitárias cujo centro tonal é o ethos solidário, perspectivas sonhadas por mulheres reunidas para a realização de um porvir outro, erigido pela beleza de uma vida em que a causa da existência vem de dentro de nós mesmas, numa estética da reexistência. |