Características individuais e ambientais relacionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados (Projeto CUME)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mattar, Jéssica Bevenuto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27773
Resumo: A transição nutricional, marcada principalmente pelo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, já é uma realidade nos países do Sul Global, incluindo o Brasil. Estudar as características individuais e, principalmente, ambientais que se relacionam a este consumo é crucial para a elaboração de novas políticas públicas que promovam hábitos alimentares saudáveis da população. Com isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar como características individuais e do ambiente construído e social se relacionam com o consumo alimentar de egressos de universidades mineiras. Trata-se de um estudo transversal, conduzido com 4.987 adultos graduados e/ou pós-graduados na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e/ou Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) entre os anos 1994 e 2014, que preencheram o questionário de linha de base da Coorte de Universidades Mineiras (CUME) no período de março a agosto de 2016. A variável dependente foi o maior consumo de alimentos ultraprocessados, obtido por meio de um questionário de frequência de consumo alimentar e pela classificação dos itens alimentares baseando-se no grau de processamento proposto pela classificação NOVA. Dados sobre as práticas alimentares, características socioeconômicas, e de estilo de vida foram obtidos por meio de um questionário online auto respondido. Os respondentes que relataram residir em Viçosa (Minas Gerais) foram convidados a comparecer em uma etapa de coleta de dados presencial, e compuseram assim uma sub amostra do estudo. Na etapa presencial, duas escalas sobre a percepção do ambiente social e construído foram aplicadas. Ademais, os dados geográficos dos endereços residenciais e profissionais dos participantes foram obtidos. Para caracterizar o ambiente alimentar, os endereços dos estabelecimentos bares/lanchonetes, alimentícios (varejos bares/restaurantes, de açaí, restaurantes, sorveterias, feiras açougues, livres, peixarias, varejistas de hortifrutigranjeiros, mercearias, padarias, varejistas de produtos naturais, varejistas de laticínios e frios, supermercados e serviços ambulantes de alimentação) foram coletados em listagens disponibilizadas pela Vigilância Sanitária, com posterior verificação in loco, utilizando o aplicativo ColetAPP (versão 1.0). O buffer euclidiano de 200 metros foi utilizado como unidade de medida. No Software QGIS ® (versão 3.4.7), realizou-se a contagem dos estabelecimentos alimentícios e das ocorrências policiais para cada buffer que continha como centroide o endereço residencial ou profissional dos participantes. Para todos os participantes da etapa online, análises univariadas de regressão logística multinomial foram conduzidas para estimar as razões de chance (OR) associadas ao maior consumo de alimentos ultraprocessados em um intervalo de confiança de 95%, usando o primeiro quartil de consumo como referência. As análises foram ajustadas pelas covariáveis sexo, idade e renda individual e conduzidas no software STATA® (versão 12). Para comparar a distribuição dos estabelecimentos alimentícios, obtida pela contagem dentro dos buffers, entre os tercis de consumo de alimentos ultraprocessados, o teste de Kruskal-Wallis foi conduzido no software estatístico SPSS ® (versão 23.0), com α adotado de 5%. Para a amostra total, percepção negativa do estado de saúde (OR 2.12, 95% CI 1.41 – 3.20), maior tempo gasto no computador (OR 1.65, 95% CI 1.19 – 2.26) ou na TV (OR 2.25, 95% CI 1.50 – 3.37), inatividade física (OR 1.83, 95% CI 1.36 – 2.45), o hábito de adicionar açúcar nas bebias (OR 1.34, 95% CI 1.03 – 1.74) e sal na salada (OR 1.43, 95% CI 1.10 – 1.85), não ter o hábito de consumir alimentos prebióticos (OR 1.81, 95% CI 1.40 – 2.32), ou orgânicos (OR 2.03, 95% CI 1.59 – 2.59), ou vegetais refogados (OR 1.61, 95% CI 1.25 – 2.07), alto consumo de alimentos fritos (OR 2.62, 95% CI 2.01 – 3.41) e almoçar em restaurantes fastfood (OR 4.04, 95% CI 2.60 – 6.27) se associaram ao maior consumo de alimentos ultraprocessados. A prevalência do maior consumo de alimentos ultraprocessados aumentou 1,89 vezes (95% CI: 1,10 – 3,25) entre aqueles que almoçam em restaurante universitário e diminuiu 0,41 vezes (RP: 0,59; 95% CI: 0,37 – 0,94) entre aqueles que almoçam em casa. A distribuição dos estabelecimentos alimentícios e de ocorrências policiais não diferiu entre os tercis de consumo para os endereços residenciais, enquanto menor distribuição de bares/lanchonetes, restaurantes e estabelecimentos de aquisição de ultraprocessados foi encontrada no maior tercil de consumo de alimentos ultraprocessados para os endereços profissionais. Os fatores mais associados ao maior consumo de alimentos ultraprocessados foram relacionados ao estilo de vida e às práticas alimentares, e avaliar apenas a exposição alimentar em áreas residenciais subestima a exposição total a qual os indivíduos estão submetidos, comprometendo estimativas das reais associações entre indivíduos e seus ambientes. Além disso, refeições realizadas em ambiente domiciliar se apresentaram como fator protetor ao consumo de alimentos ultraprocessados. Palavras-chave: Estilo de vida. Ambiente obesogênico. Ambiente social. Ambiente alimentar. Classificação NOVA.