Morfoanatomia e composição mineral de raízes de duas espécies de restinga submetidas ao excesso de ferro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Silva, Advanio Inácio Siqueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Botânica estrutural; Ecologia e Sistemática
Mestrado em Botânica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/2508
Resumo: No litoral sul do Espírito Santo, Brasil, a restinga tem recebido nos últimos anos, um aporte adicional de ferro, em função da atividade de indústrias mineradoras de ferro. Objetivou-se caracterizar a estrutura das raízes das espécies nativas de restinga, Ipomoea pes-caprae L. (Convolvulaceae) e Canavalia rosea DC. (Fabaceae), com o desenvolvimento da placa de ferro; verificar a composição química da placa de ferro e o seu efeito na assimilação de nutrientes; histolocalizar os prováveis sítios de acúmulo de ferro nas raízes; e identificar os sintomas morfoanatômicos causados pelo ferro como poluente, na estrutura radicular dessas espécies. Mudas de ambas as espécies foram cultivadas em solução nutritiva de Hoagland, em pH 5,5, com e sem excesso de íon ferroso (150 mg/L de Fe+2 como FeSO4.7H2O), variando-se o tempo de exposição (12; 36; 108 e 228 horas), após a aplicação do ferro. Ao término de cada exposição foram coletadas raízes laterais em ambas as espécies, e coleto em C. rosea, para as análises morfoanatômicas, histoquímicas e ultraestruturais, além da quantificação do ferro na planta e teor de nutrientes nas folhas e raízes, extração e composição química da placa de ferro. As raízes laterais do tratamento controle nas espécies estudadas apresentaram coloração brancoparda, sem formação de placa de ferro. Após exposição ao excesso de ferro, verificou-se alteração na morfologia externa dessas raízes, como redução visual no crescimento e emissão de novas raízes, flacidez das raízes, ausência de ramificação, além de um aspecto mucilaginoso e coloração cinza em I. pes-caprae e alaranjada em C. rosea. Em raízes de I. pes-caprae houve escurecimento intenso no ápice radicular, com necrose seguida de queda do ápice. C. rosea foi a espécie que mais acumulou ferro na placa de ferro. Entre as espécies estudadas, quando expostas ao excesso de ferro, não houve diferença estatística no fator de translocação de ferro para a parte aérea. A raiz de ambas as espécies apresentou a maior capacidade de concentração de ferro, e o caule, a menor. C. rosea apresentou o maior fator de bioconcentração de ferro em todos os órgãos. No tratamento com excesso de ferro, a assimilação de Zn aumentou em C. rosea e o teor de N reduziu nas folhas de I. pescaprae. Nos tratamentos de exposição ao excesso de ferro por 12, 36 e 108 horas, não foram observadas alterações anatômicas nas raízes das duas espécies estudadas. Em ambas as espécies houve alteração na organização e no formato das células do periciclo e do córtex, e o metaxilema não completou sua diferenciação. Em I. pes-caprae houve necrose e colapso dos primórdios de raiz lateral e do cilindro vascular. As células do córtex apresentaram retração do protoplasto, formação de tecido de cicatrização e colapso celular. Em C. rosea houve alteração no padrão de divisão e diferenciação celular do córtex e na diferenciação celular do periciclo. Em microscopia eletrônica de varredura, as placas de ferro foram evidentes em toda a superfície da raiz, com padrão de deposição desuniforme nas duas espécies. O ferro foi histolocalizado em todos os tecidos radiculares de ambas as espécies, na exposição máxima ao ferro, corroborando com o encontrado na quantificação. O incremento diário de ferro no solo da vegetação de restinga do litoral sul do Espírito Santo, seguido de assimilação e alterações morfoanatômicas nas raízes, pode comprometer a fisiologia dessas espécies.