Comportamento alimentar de mães com vivência em perda de filho(a)
Ano de defesa: | 2018 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
Ciência da Nutrição |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/30668 |
Resumo: | A morte de um(a) filho(a) provoca reações afetivo-emocionais de longa duração que têm implicações no comportamento alimentar e no estado de nutrição dos pais. Com a supressão do convívio com o(a) filho(a) falecido(a), muito há por compreender em atitudes alimentares manifestadas no luto. O presente trabalho teve como objetivo investigar o comportamento alimentar de mães com vivência em perda de filho(a). Trata-se de um estudo transversal, com amostra por conveniência, realizado com mães frequentadoras de Organizações não- governamentais de apoio ao luto do Estado de Minas Gerais. Para atender a abordagem qualitativa e quantitativa deste estudo, foi desenvolvido um protocolo de condutas como um instrumento de acesso específico para conduzir inquéritos alimentares com enlutados. Para análise compreensiva das múltiplas dimensões que o fenômeno do luto materno envolve, a abordagem qualitativa foi ancorada na entrevista alimentar não-diretiva, adotando-se a perspectiva teórico-metodológica da fenomenologia existencial Heideggeriana. Para a abordagem quantitativa foi aplicado um questionário contemplando variáveis antropométricas, clínicas, socioeconômicas, causa do óbito, dor da perda, e caracterização do enlutamento. A ingestão foi documentada por meio de Questionário de Frequência Alimentar – QFA e para identificar tendências alimentares no luto materno, procedeu-se a análise de marcadores do consumo alimentar. Solicitou-se o registro das sensações hedônicas (fome, apetite, saciação, saciedade e refeição apetitosa) em datas críticas de tributo ao(a) filho(a) falecido(a) – de nascimento ou falecimento. O protocolo de condutas desenvolvido foi uma ferramenta que atendeu de forma satisfatória à necessidade de obtenção de informações de qualidade e de minimizar reações emocionais por parte da mãe. Participaram deste estudo 33 mães com idade entre 40 a 61 anos, com predominância de dois anos ou mais de vivência em perda de filho. Por meio da pesquisa foi possível delinear as práticas alimentares de mães com vivência em perda de filho(a) em seu contexto existencial e na sua relação com o alimento. A influência que o luto exerceu na relação de mães com a alimentação foi evidenciada de diversas maneiras, seja na ausência de fome, na alteração do peso e na falta do(a) filho(a) nas refeições, representando os desafios da mãe perante uma “mesa que encolheu” e exigindo das mesmas novas significações frente à alimentação. A condição existencial da mãe em ser-com os demais filhos possibilitou reações mais contundentes de enfrentamento ao luto no contexto da dimensão existencial do espaço do culinário. Os resultados da análise quantitativa também evidenciaram que a condição de ter mais filhos impôs às mães reações proativas frente aos alimentos, mesmo diante do luto recente. Verificou-se que a intensidade da dor da perda se correlacionou, de forma significativa, com ausência da fome, saciação rápida e saciedade prolongada; enquanto, o tempo maior de óbito do(a) filho(a) teve correlação com as escalas de sensação de fome e de menor saciação e saciedade. Os marcadores do consumo alimentar indicaram que o hábito alimentar da mãe tende a se restabelecer com o tempo. Ao se estudar a relação das mães com o alimento diante do luto materno, o seu modo de ser presente revelou que esta relação estava permeada por conflitos que implicaram em alterações nas práticas alimentares, levando a riscos nutricionais. O trauma decorrido da morte de um filho exerce fortes influências no sistema de regulação da fome e da saciedade, resultando, de início, na ausência da fome, na saciação rápida e na saciedade prolongada; e posteriormente, na busca por alimentos de resíduos adocicados e na persistência de determinadas restrições alimentares. Essas reações resultam em desgastes físicos com implicações no estado nutricional. |