Artesanato de tradição do tear em Resende Costa, MG: trabalho, produção e comércio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Souza, Cristiane Natalicio de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/22502
Resumo: A presente tese analisa as configurações do trabalho artesanal domiciliar do tear, repassado desde o século XVIII e hoje tensionada entre a tradição e a modernização impulsionada pela ideologia do empreendedorismo individual, que é propagado por diversos atores e, notadamente, pelo poder público. Com esse propósito, são inicialmente, revisados elementos da história da tecelagem artesanal no estado de Minas Gerais e discutida a presença do trabalho artesanal no contexto atual da sociedade capitalista. Em seguida, com base no estudo empírico de caráter etnográfico, realizado na cidade histórica de Resende Costa, Minas Gerais, são examinados os mecanismos pelos quais a atividade do tear artesanal foi reinventada como tradição, celebrada como patrimônio e estimulada como base do desenvolvimento económico local, além de principal fonte da inserção social e econômica de diversos tipos de trabalhadores (não apenas os artesãos) e comerciantes. A partir das narrativas colhidas na pesquisa, são mapeadas as formas e relações de trabalho. bem como a hierarquia social da cadeia artesanal do produtor domiciliar ao empresário, e os espaços e tempos de produção e comercialização. A tese focaliza, em seguida, a ideologia e a prática do empreendedorismo individual, discutindo-as sob três perspectivas. Na primeira, são tomadas em consideração as estratégias dos artesãos em mobilizar potenciais locais em busca de condições de trabalho e vida. Na segunda, são destacados os esforços desses trabalhadores para reinventar a tecelagem artesanal de modo a valoriza-la como tradição local, conectando-a simultaneamente à modernidade e à sociedade—mercado global. Na terceira, o empreendedorismo individual é associado ao coletivo e à circulação de poderes na rede de produção e comércio de artefatos têxteis que configura mobilidades e mutações do trabalho artesanal. O estudo analisa a complexidade da tecelagem, revelando as fronteiras que são muitas vezes fluidas e que tencionam o ofício entre a tradição e a modernidade, o local e o global, o artesanal e o industrial, o trabalho manual e o capital comercial, o privado e o público, o individual e o coletivo, o patrimônio e a mercadoria. Conclui-se que, nessa rede dinâmica, o empreendedorismo individual tanto pode ser a expressão da subordinação do trabalhador no capitalismo de economia flexibilizada, quanto pode assumir a condição de estratégia e resistência. Palavras-chave: Trabalho artesanal. Ofício. Tradição. Empreendedorismo individual. Redes Coletivas.