Processos ecológicos e evolutivos na comunicação acústica entre grilos: partição de nicho acústico e seleção de sítios de chamado
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Ecologia Mestrado em Ecologia UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/3230 |
Resumo: | A comunicação acústica é amplamente utilizada pelos animais, diminuindo o gasto de energia na busca ativa por parceiros sexuais. Para que a comunicação seja efetiva, os sinais acústicos devem passar por três processos: produção dos sinais pelo organismo, propagação dos mesmos pelo ambiente e recepção dos sinais por um receptor alvo. Por estar intimamente relacionada ao sucesso reprodutivo, a seleção natural favorece adaptações que aumentam a eficiência dos sinais em atingir o receptor e minimizam a interferência com outros sons provindos de fontes bióticas ou abióticas. Neste trabalho, estudamos processos de inibição da atividade acústica e de diferenciação nos parâmetros sonoros de espécies simpátricas de grilos, além de estratégias comportamentais relacionadas à emissão e à propagação dos sinais acústicos. No primeiro capítulo, avaliamos uma assembleia de grilos da Mata Atlântica quanto a eventuais processos ecológicos de inibição da atividade acústica, em resposta à interferência sonora interespecífica. Analisamos para todos os pares de espécies a relação entre a coocorrência das espécies e a similaridade nos parâmetros temporais e na frequência de seus sons de chamado. Também avaliamos processos de diferenciação dos sinais acústicos ao aplicarmos análises de modelos nulos sobre os parâmetros do som de chamado das espécies. Verificamos que: (i) a similaridade entre espécies quanto a componentes temporais dos parâmetros do som de chamado foi negativamente correlacionada com a coocorrência temporal entre elas e (ii) a similaridade na frequência sonora não se correlacionou significativamente com a coocorrência temporal. Também observamos espaçamento regular entre os valores de frequência das espécies, enquanto que diferenças nos componentes temporais dos parâmetros sonoros se deram ao acaso. Baseado nisso, inferimos que as espécies com parâmetros temporais semelhantes minimizam a interferência sonora interespecífica evitando emissão simultânea de sinais acústicos. O espaçamento regular entre as frequência sonoras das espécies fornece evidências de pressões seletivas atuando sobre toda a comunidade que favoreceram frequências sonoras diferentes, levando à partição regular do espaço sonoro e a diminuição da interferência entre as frequências. No segundo capítulo, trabalhamos questões relacionadas à produção, propagação e interferência sonora em duas espécies simpátricas de grilos, Phyllocyrtus amoenus e Cranistus coliurides, que apresentam frequências sonoras semelhantes. Para isto, avaliamos eventuais estratégias comportamentais de aumento da intensidade sonora durante a estridulação, as interações agonísticas em relação à ocupação de poleiros, e sua escolha por sítios de chamado quanto à altura em relação ao solo e às dimensões das folhas utilizadas como sítio. Verificamos que as duas espécies apresentaram comportamento semelhante durante a estridulação, utilizando a superfície das folhas como defletores acústicos e emitindo sinais acústicos em múltiplas direções. Observamos interações agonísticas intra- e interespecíficas de defesa de sítio de chamado, sempre com expulsão de um dos competidores ao final. Os sítios de chamado utilizados pelas duas espécies foram semelhantes quanto às dimensões do limbo foliar, porém as espécies apresentaram diferenças quanto à altura em relação ao solo. O comportamento de estridulação observado para as duas espécies nos fornece evidências de que ambas estariam maximizando o raio de ação dos sinais acústicos emitidos. As interações agonísticas provavelmente se relacionam à ocupação de melhores sítios de chamado para a propagação dos seus sinais. Ao considerarmos a semelhança entre as espécies quanto às suas frequências sonoras, sugerimos que a similaridade nas dimensões das folhas utilizadas como sítio está relacionada à ocupação de locais onde a propagação de seus sinais é melhor. |