Mulheres, trabalho e alimentação: Uma análise comparativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Lelis, Cristina Teixeira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3357
Resumo: Nas últimas décadas vêm acontecendo muitas mudanças socioeconômicas e demográficas em todas as regiões do mundo, que refletem no comportamento do consumidor, como por exemplo, a alteração dos hábitos alimentares. Algumas tendências influenciam o consumo de alimentos, como o envelhecimento da população, o papel da mulher na sociedade, o valor do tempo e a conveniência de produtos. A colocação profissional e independência da mulher afetam a composição da alimentação e provocam uma organização de valores e hábitos, que podem trazer consequências no padrão alimentar, como a redução do tempo destinado às atividades alimentares domésticas, ou mesmo, modificação da dieta tradicional para uma com produtos prontos para o consumo ou produtos que exijam pouca dedicação durante o seu preparo. Diante deste contexto, esse estudo consistiu em analisar o impacto da inserção feminina no mercado de trabalho nos hábitos alimentares de sua família, buscando entender seus fatores intervenientes e as estratégias utilizadas pelas mulheres inseridas e não inseridas no mercado de trabalho formal e de suas famílias, no preparo das refeições, em face as novas relações espaço-tempo. A pesquisa, de natureza quanti-qualitativa, foi realizada na cidade de Viçosa/MG, e teve como público alvo mulheres que trabalhavam nos diferentes setores ocupacionais da Universidade Federal de Viçosa e aquelas que não exerciam atividades remuneradas e que eram esposas de funcionários da UFV. ntencionalmente, selecionou-se mulheres que estavam no estágio intermediário do ciclo de vida, ou seja, em cujas famílias havia presença de crianças a partir de 0 ano de idade e adolescentes até 18 anos. Assim, o estudo contou com 101 mulheres que exerciam atividade remunerada, e 13 mulheres donas de casa. Os dados foram obtidos através de uma entrevista fundamentada em um roteiro semi-estruturado, e analisados por meio da análise de conteúdo. Os resultados permitiram concluir que a renda média gasta com a alimentação era muito próximo tanto para as mulheres que trabalhavam quanto para as que não exerciam atividade remunerada, sendo que a renda das mulheres inseridas no mercado de trabalho permitiu uma alteração nos hábitos alimentares. Os alimentos industrializados eram utilizados mesmo nas famílias que a mulher não estava inserida no mercado de trabalho, devido à praticidade e facilidade de uso. Quanto às estratégias utilizadas pelas mulheres que exerciam atividade remunerada estava a presença de empregadas domésticas; realização de refeições fora do domicílio; utilização de alimentos prontos e congelados, principalmente nas refeições noturnas e de finais de semana; e ajuda dos membros da família, principalmente dos maridos e filhos, mas esta ajuda não era frequente. Para as mulheres que não exerciam uma atividade laboral, a principal estratégia era a utilização de comidas prontas, apesar de não ser constante o seu uso. Outra estratégia utilizada eram as refeições realizadas fora de casa aos finais de semana. Em menor percentagem estavam empregadas e ajuda de membros familiares. As tecnologias domésticas estavam presentes em todas as famílias estudadas. Algumas delas apresentavam grandes vantagens e eram necessárias para a preparação das refeições. No entanto, as mulheres entrevistadas relataram que as tecnologias apresentavam algumas desvantagens, como o tempo despendido na limpeza das peças e o consumo de energia. O tempo para o preparo das refeições diminuiu a partir do momento que a mulher se inseriu no mercado de trabalho. Para as docentes, o tempo reduziu devido também à necessidade de levar trabalho acadêmico para casa. Por outro lado, o grupo das mulheres que não trabalhavam fora, o tempo disponível para o preparo das refeições aumentou, na maioria dos casos. Dessa maneira, qualquer mudança na família, tal como a atividade remunerada exercida pela mulher, produz um remanejamento de funções, e os hábitos alimentares, apesar de sofrerem influência, não são totalmente diferenciados, quando se analisa a inserção feminina no mercado de trabalho, em função das semelhanças no estilo de vida.