A trajetória da pesquisa e da intervenção em Biologia da Conservação: avaliação de projetos financiados pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Lima, Flávia Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Instituições sociais e desenvolvimento; Cultura, processos sociais e conhecimento
Mestrado em Extensão Rural
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/4159
Resumo: A proposta dessa pesquisa é avaliar projetos de pesquisa científica e de intervenção financiados pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA),entre os anos de 1990 a 2003. A pesquisa de avaliação é comumente realizada em projetos que buscam mudanças sócio-econômicas, mas nesse trabalho ela foi utilizada para se compreender a pesquisa e a intervenção ambientais, tendo como unidade de análise projetos com características técnicas e científicas. A referência empírica foi o FNMA, um órgão do Ministério do Meio Ambiente que tem como missão a implementação da Política Nacional de Meio Ambiente. A área temática da investigação foi a Biologia da Conservação, reconhecida como uma disciplina de crise, oficializada na década de 1980. Tendo como referência a pesquisa avaliativa, se propôs nesse trabalho verificar: i) a evolução temporal das orientações em pesquisa e intervenção dos projetos, pela avaliação de 710 objetivos de projetos; ii) os conceitos de intervenção e de conservação utilizados, assim como a interação desses, pela avaliação de 118 objetivos de projetos da linha temática Manejo Sustentável da Flora e da Fauna; iii) a presença dos princípios de Biologia da Conservação (BC), da incorporação dos Princípios para a Conservação de Recursos de Biodiversidade e a inclusão de mecanismos de avaliação, pela avaliação de 30 projetos de demanda espontânea e induzida. Verificou-se que houve uma predominância de projetos com orientação intervencionista, existindo apenas 19,2% de projetos com objetivos de pesquisa e intervenção. A relação entre conceitos de pesquisa e conceitos de intervenção também é pequena, só sendo observada entre os conceitos de conservação ex situ e infra-estrutura e entre os de conservação de habitat e manejo de habitat. A maioria dos projetos é dirigida à manutenção da biodiversidade, motivados principalmente por valores intrínsecos de conservação. Dos sete Princípios para a Conservação de Recursos de Biodiversidade, apenas três estiveram presentes em mais de 50% dos projetos, sendo os que se remetiam ao reconhecimento da necessidade de conservação, da interação entre ciências naturais e sociais e que previam formas de comunicação. Em apenas um projeto foi verificada a existência de formas de avaliação. Esses resultados destacam que muitas das intervenções conservacionistas não estão sendo amparadas pelo conhecimento científico podendo resultar em ações simplistas na direção de objetivos conservacionistas. Além disso, deve-se considerar que na área da conservação biológica é indispensável que exista uma relação entre ciência natural e social para o não comprometimento das ações. Muitos dos problemas práticos não resolvidos poderiam tratados se questões sócias e biológicas fossem inseridas num contexto interdisciplinar. A formação dos pesquisadores também pode explicar a ênfase dada, nos projetos avaliados, ao objetivo de manutenção de biodiversidade, em detrimento dos que tratam de integridade biótica e saúde dos ecossistemas. Por sua vez, a baixa presença dos Princípios para a Conservação de Recursos de Biodiversidade reflete a existência de poucos trabalhos com uso sustentável de recursos naturais, área que exige o envolvimento de questões políticas e sociais, reforçando a necessidade de uma formação mais ampla dos conservacionistas. A falta de mecanismos de avaliação nos projetos dificulta saber o que realmente é efetivo em conservação, aumentando as incertezas sobre essa prática e comprometendo processos decisórios.