A reforma psiquiátrica brasileira e suas repercussões nas famílias de camada popular: um estudo de caso em Viçosa-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Rabelo, Patrícia Njaim Coury
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3325
Resumo: Esta pesquisa buscou compreender como as famílias de camada popular respondem às demandas de provimento de cuidado e à convivência cotidiana com o portador de transtorno mental, a partir do Movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileiro. O objetivo geral que norteou a presente pesquisa foi analisar as repercussões socioeconômicas e subjetivas trazidas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira sobre as famílias de camada popular que tem entre seus membros o portador de transtorno mental (PTM). Especificamente buscamos caracterizar o perfil socioeconômico do grupo familiar, do portador de transtorno mental e de seu principal cuidador; analisar como as famílias reconhecem e elaboram o transtorno mental do seu familiar; compreender as modificações ocorridas nas relações do grupo familiar, especialmente as que se referem às mudanças nos papéis familiares, decorrentes da eclosão do transtorno mental; caracterizar as estratégias de organização e as dinâmicas utilizadas pelas famílias de camadas populares que têm um de seus membros com transtorno mental, para produzirem os cuidados cotidianos ao portador de transtorno mental (PTM); analisar o papel do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) na relação da família com o portador de transtorno mental; analisar o papel das redes sociais no provimento de cuidados ao portador de transtorno mental e ao grupo familiar no município de Viçosa/ MG. A revisão bibliográfica foi dividida em quatro capítulos teóricos: contextualização do panorama político-econômico do Brasil para melhor compreensão das medidas tomadas pelo Estado na reorientação das políticas sociais e de saúde; reconstrução do percurso teórico e cronológico das modalidades de assistências no campo da saúde mental, delineamento da trajetória do movimento antimanicomial e da reforma psiquiátrica; contextualização sócio-histórica da relação da família com o portador de transtorno mental; relação entre família, Estado e reprodução social, contemplando ainda estudos sobre cuidados familiares, redes sociais e construção social do papel da mulher. A pesquisa foi realizada em uma abordagem quanti-qualitativa utilizando a estratégia do estudo de caso e tendo como técnicas de coleta de dados o questionário semi-aberto, as entrevistas semi-estruturadas, a análise documental e a observação. Foi realizada junto às famílias de camada popular que possuíam portador de transtorno mental adulto em atendimento junto ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), serviço de saúde mental de natureza pública e gratuita, do município de Viçosa - MG. A amostra foi composta por vinte e cinco famílias para aplicação do questionário. Dentre estas, selecionamos dez famílias, com diferentes organizações familiares para a realização da entrevista. Informações oriundas dos questionários foram analisadas e reduzidas a termos descritivos, sendo posteriormente quantificadas por meio de distribuição de freqüência. Informações originadas das entrevistas e diários de pesquisa foram analisadas tendo como referência a abordagem qualitativa, através da qual buscamos descrever e interpretar como as pessoas agem e atribuem sentidos às suas experiências, destacando diferenças significativas entre as falas dos respondentes. Para isso os depoimentos foram agrupados conforme as questões da entrevista e buscamos aprofundar a compreensão das questões investigadas através de uma leitura compreensiva das mesmas. Foi constatado que as famílias de camada popular, na condição de parceira nos cuidados ao portador de transtorno mental, têm sido sobrecarregadas no aspecto sócioeconômico e emocional. Os resultados confirmaram o pressuposto de que a provisão de cuidados ao portador de transtorno mental ainda é encargo feminino e que tanto a convivência quanto a provisão de cuidados gera sobrecarga emocional e financeira para o cuidador, dificulta a inserção no mercado de trabalho e traz dificuldades para o relacionamento do grupo familiar.