Índice de adiposidade corporal: validação e fatores associados em adultos em um estudo de base populacional, Viçosa, MG, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Segheto, Wellington
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9262
Resumo: O aumento da adiposidade corporal na população tornou-se um problema de saúde pública. Sabe-se que o excesso de adiposidade corporal está associado a diversas comorbidades, aumentando o gasto público com a saúde. Objetivou-se analisar a validade e os fatores associados do índice de adiposidade corporal em adultos. Um estudo transversal, de base populacional, foi realizado com uma amostra de 972 adultos, com idades entre 20 e 59 anos, na cidade de Viçosa, Minas Gerais, Brasil, em 2014. Foram aplicados questionários domiciliares para obter dados de condições socioeconômicas, demográficas, hábito de fumar, estilo de vida e morbidades autorreferidas. Medidas clínicas foram coletadas na Divisão de Saúde da Universidade Federal de Viçosa. O desfecho do estudo foi o índice de adiposidade corporal, obtido através da circunferência do quadril e da altura. As variáveis independentes incluídas foram sociodemográficas, comportamentos e hábitos relacionados á saúde, medidas antropométricas e morbidades autorrelatadas. As variáveis sociodemográficas foram: sexo; idade (20 a 29, de 30 a 39, 40 a 49 e 50 a 59 anos); nível de escolaridade (<4, 5 a 8, 9 a 11,> 12 anos completos); classe econômica de acordo com bens de consumo (elevada, intermediária e baixa); cor da pele autorreferida (branca e não branca) e estado civil (com companheiro e sem companheiro). Comportamentos e hábitos relacionados à saúde incluíram o tabagismo (não-fumante, ex-fumante e fumante atual); nível de atividade física (inativo fisicamente < 150 minutos/semana e ativo fisicamente ≥ 150 minutos/semana), estimado pela versão longa, em português, do International Physical Activity Questionnaire; a (in)satisfação com a imagem corporal, avaliada pela escala de silhuetas para adultos (satisfeito e insatisfeito); a autoavaliação geral da saúde (regular/ruim e muito bom/bom) e doenças autorreferidas (diabetes, hipertensão e colesterol elevado). Os dados foram digitados em duplicata no software Epidata, por digitadores previamente treinados. Após verificar a consistência dos dados, realizou-se análises estatísticas utilizando o pacote estatístico Stata, versão 13,1. Todas as análises foram ajustadas para o efeito de delineamento amostral e ponderadas pela frequência de sexo, idade e escolaridade e atribuídos pesos pela razão entre as proporções da população, obtidos a partir do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e da amostra. Foram realizadas estatísticas descritivas das variáveis da amostra populacional bem como testes qui-quadrado e de tendência linear, quando apropriado, para estimar as associações entre o desfecho e cada variável independente. Teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para verificar a normalidade das variáveis. A correlação entre as variáveis foi avaliada pelo coeficiente de correlação de Pearson. Utilizou-se a abordagem gráfica de Bland-Altman para verificar a concordância entre o índice de adiposidade corporal e o absorciometria por dupla emissão de raios X. Para analisar o grau de concordância ou discordância, utilizou-se os gráficos de sobrevida de Kaplan-Meier. A diferença entre o índice de adiposidade corporal e a absorciometria por dupla emissão de raios X foi verificada por regressão de Cox. Adotamos o nível de significância de α <0,05. A proporção geral estimada de indivíduos com excesso de adiposidade corporal foi 36,9% (IC 95%: 30,8–43,4), entre os homens a proporção foi de 48,2% (IC 95%: 39,1–57,3), enquanto entre as mulheres foi de 25,6% (IC 95%: 19,6–32,7). Na análise estratificada por sexo, a magnitude das associações entre o índice de adiposidade corporal e o índice de massa corporal (r=0,84 em homens e r=0,86 em mulheres, p<0,001), a circunferência da cintura (r=0,77 em homens e r=0,75 em mulheres, p<0,001), a relação cintura/quadril (r=0,47 em homens e r=0,40 em mulheres, p<0,001) e a absorciometria por dupla emissão de raios X (r=0,72 em homens e r=0,78 em mulheres, p<0,001) foi mais forte quando comparada as associações observadas em toda a amostra. A abordagem de Bland-Altman mostrou uma superestimação do percentual de gordura corporal pelo índice de adiposidade corporal em homens e subestimação nas mulheres, usando a absorciometria por dupla emissão de raios X como um método de referência. A concordância entre o índice de adiposidade corporal e a absorciometria por dupla emissão de raios X, pela análise de Kaplan-Meier, foi de 41,0%. Os fatores associados, positivamente, com o índice de adiposidade corporal foram: sexo feminino (p=0,002), idade em anos (p<0,001), aqueles que viveram com o parceiro (p=0,022) e o tempo de tela maior do que 4 horas/dia (p=0,047). O tabagismo (p=0,001) e a autoavaliação positiva da saúde (p=0,048) foram associados, negativamente, com o índice de adiposidade corporal. Em conclusão, verificou-se que a índice de adiposidade corporal não substitui as outras medidas de gordura corporal, porém apresenta correlação e concordância similares a outros métodos descritos na literatura. Devido pelo menos em parte, às suas vantagens em termos de aplicação, em comparação com métodos mais complexos, o índice de adiposidade corporal pode ser uma alternativa para estimar a gordura corporal na ausência destas outras técnicas, especialmente em estudos de base populacional. Os resultados indicaram que o sexo, a idade, o estado civil, o tabagismo, a autoavaliação da saúde e a insatisfação com a imagem corporal foram fatores determinantes para o aumento de gordura corporal, nesta população.