Percursos escolares e vivências acadêmicas de estudantes cotistas de medicina da UFV

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, João Jefferson de Moura
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Educação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/31772
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2023.675
Resumo: O objetivo da pesquisa que deu origem a esta dissertação foi conhecer, descrever e analisar o processo de constituição dos percursos escolares e as vivências acadêmicas de estudantes do curso de Medicina da UFV, cuja origem social é a camada popular, e cujo ingresso na Universidade se deu pelas vagas reservadas para egressos de escolas públicas estaduais, no âmbito da reserva de vagas determinada pela Lei n.o 12.711, de 2012. Os procedimentos metodológicos da pesquisa foram realizados em duas etapas. Na primeira, após uma pesquisa bibliográfica sobre os cursos de Medicina no Brasil e o da UFV, foram analisados dados secundários, fornecidos pela UFV com o objetivo de analisar as características acadêmicas e modalidades de ingressos dos estudantes do curso de Medicina, as quais foram essenciais para indicar os critérios de inclusão dos estudantes cotistas para a realização das entrevistas na segunda etapa deste estudo. Na segunda etapa da pesquisa foram realizadas entrevistas com cinco estudantes cotistas Medicina, dentre os quais quatro que ingressaram na UFV em 2018 e um em 2019, beneficiados pela reserva de vagas, portanto, eles cursaram o ensino médio em escolas públicas, possuíam renda familiar per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo e/ou se auto declaram pretos, pardos ou indígenas. O corpus constituído pelas cinco entrevistas foi analisado de acordo com a análise de conteúdo, ancorada em Bardin (1977) e a reconstrução das biografias escolares dos entrevistados, de acordo com Lahire (2004). Os resultados indicaram os cinco estudantes cotistas entrevistados utilizaram diferentes estratégias como o ingresso em instituições de ensino médio federais, como a conquista de bolsas em escolas privadas no ensino fundamental e a frequência a cursinhos pré-vestibular gratuitos. As famílias também se mobilizaram na constituição desses percursos escolares, como na escolha de estabelecimento de ensino, na valorização dos comportamentos e aprendizagens relacionadas à escola, na participação das mães na vida escolar e na “presentificação” do futuro por parte dos estudantes e suas famílias. A maior parte dos estudantes cotistas concluiu a educação básica em instituições públicas federais. Com relação à escolha do curso de Medicina, apenas um dos entrevistados já tinha por certa essa escolha, ainda na infância, enquanto os outros, construíram seus projetos ao longo do percurso escolar. O distanciamento entre o curso de Medicina e os demais cursos da UFV foi apontado como uma questão que afeta negativamente as vivências acadêmicas dos estudantes entrevistados. Os estudantes que optaram pelas vagas reservadas para subcotas de pertencimento étnico- racial e de renda são os que enfrentaram maiores dificuldades para acessar e permanecer no curso de Medicina, enfrentando dificuldades de ordem material e simbólica e para adaptação ao curso. O ensino remoto emergencial adotado pela UFV durante o agravamento da crise pandêmica no Brasil, nos anos de 2020 e 2021, impactou todos os estudantes, mas, em especial, aqueles que possuíam maiores restrições de renda, como os estudantes cotistas entrevistados. Os estudantes relataram, problemas de saúde mental, como, por exemplo, o transtorno de ansiedade e a depressão vivenciados não apenas no período do isolamento social exigido durante a pandemia e que afetavam a vida acadêmica. Os achados da pesquisa indicaram que trajetórias longevas, o ingresso em cursos altamente seletivo, como o curso de Medicina e bom desempenho, no caso dos estudantes cotistas, que vivenciaram uma grande dificuldade imposta pela pandemia não podem ser explicadas por fatores uniformes ou regulares em todos os casos, pois as estratégias e vivências foram variadas. No entanto, destacou-se, em todos os casos, o fato de que a implementação de uma política pública de discriminação positiva foi imprescindível para o acesso e a permanência dos estudantes cotistas entrevistados no curso de Medicina da UFV. Palavras-chave: Lei de Cotas. Medicina. UFV. Estratégias estudantis. Acesso e Permanência no curso.