Repercussões do CAPS para a administração do tempo e qualidade de vida das famílias, Viçosa/MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Silva, Lucíola Lourenço da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3380
Resumo: As transformações ocorridas no campo da saúde mental no Brasil, através da busca pela extinção dos manicômios e da criação de novos serviços de caráter mais humanizado, que procuram estimular a inserção social e familiar dos portadores de transtorno mental, respeitando suas particularidades, a exemplo dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), possibilitaram que a família tivesse convivência cotidiana com seu familiar doente. Essa convivência fez que a família incluísse em suas tarefas diárias o cuidado ao portador de transtorno mental (PTM) e, com isso, fosse necessário administrar seu tempo para o alcance do equilíbrio do sistema familiar e, consequentemente, melhoria da qualidade de vida. Essas mudanças ocorridas no campo da saúde mental e a reinserção do doente mental no âmbito familiar suscitaram os objetivos do estudo, que são: caracterizar o perfil socioeconômico e demográfico, pessoal e familiar dos usuários do CAPS e dos seus cuidadores; identificar e analisar as mudanças enfrentadas pela família após a reintegração do PTM na residência, bem como suas estratégias para reassumir os cuidados a ele; conhecer e examinar a administração do tempo pela família do PTM, em função dos cuidados a ele despendidos; e analisar a percepção da família sobre as mudanças na administração do tempo familiar influenciadas pelo CAPS, bem como a influência do serviço em sua qualidade de vida. A pesquisa foi realizada em abordagem qualitativa, de caráter exploratório-descritivo, tendo sido adotado o estudo de caso como proposta metodológica. As técnicas de coleta de dados foram a análise documental, o questionário e a entrevista embasada em um roteiro semiestruturado, que foram aplicados a 11 familiares cuidadores dos portadores de transtornos mentais atendidos entre abril e junho de 2009, no CAPS. Foi verificado que o surgimento do transtorno mental gerou mudanças na organização e dinâmica das famílias, que se reorganizaram para as exigências do cuidado, tendo que abandonar as atividades do seu cotidiano, sem terem, muitas vezes, o conhecimento necessário para o processo de decisão diante dos cuidados exigidos. Verificou-se que a administração do tempo da família foi diretamente influenciada pelo estado de saúde do PTM que, quando se encontrava mais independente, possibilitava maior independência para a família na realização de outras atividades. O CAPS foi percebido pelas famílias como local de auxílio, apoio emocional e econômico, sendo favorável à administração do tempo e à melhoria da qualidade de vida. Assim, conclui-se que esse ambiente institucional, criado nos moldes da Reforma Psiquiátrica, que tem a família como parceira no processo de cuidado, pautado na obrigação pessoal, afetividade e reciprocidade, tem permitido melhor organização do tempo, com reflexos positivos na qualidade de vida.