Síndrome metabólica e doença renal crônica em indivíduos com hipertensão e, ou diabetes mellitus acompanhados pela Atenção Primária à Saúde de Viçosa - MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Comini, Luma de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27788
Resumo: Introdução: a Síndrome Metabólica (SM) é caracterizada por um conjunto de fatores de risco cardiometabólicos que incluem a hiperglicemia, a hipertensão arterial (HA), a dislipidemia e a deposição central de gordura corporal, que têm sido relacionados ao diabetes mellitus (DM) tipo2, a doença renal crônica (DRC), às doenças cardiovasculares (DCV), ao acidente vascular encefálico, entre outras causas de morbimortalidade na população geral. A HA e o DM são fatores de risco comuns e modificáveis, fundamentais no processo terapêutico e na prevenção da SM e, consequentemente, da DRC. Alguns estudos epidemiológicos têm observado uma relação positiva entre a presença de SM e a prevalência de DRC, no entanto, estudos brasileiros que façam essa relação ainda são escassos na literatura. Objetivos: determinar as prevalências de SM e de DRC e investigar a existência de associações entre a presença da SM, seus componentes individuais e agrupados e a DRC em indivíduos com HA e, ou DM acompanhados pela Atenção Primária à Saúde (APS). Métodos: trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa com indivíduos com HA e, ou DM acompanhados pela APS do município de Viçosa, MG, Brasil. Para o cálculo amostral foi realizada a técnica de amostragem por conglomerado em duas etapas (territórios e indivíduos), com participação de 788 indivíduos com HA e, ou DM acompanhados pela APS. A coleta de dados se deu por meio de aplicação de um questionário semiestruturado com informações socioeconômicas, demográficas, hábitos de vida e prática de atividade física. Medidas clínicas e antropométricas foram aferidas e os parâmetros bioquímicos e urinários foram coletados por um laboratório especializado credenciado do município. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sob o número 1203173/2015. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As variáveis foram descritas de acordo com o seu tipo em média com seus respectivos desvios padrões, mediana com os intervalos interquartílicos e porcentagem. O teste Kolmogorov Smirnov foi utilizado para avaliar a normalidade das variáveis. Para verificar as associações entre as variáveis foram realizados o teste t de Student ou Mann Whitney. Modelos de regressão logística binária e múltipla foram propostos para estimar a magnitude da associação entre a presença de SM, seus componentes individuais e agrupados e a DRC, ajustados por sexo, idade, tabagismo, albumina e cálcio séricos. As análises estatísticas foram realizadas no software Statistical Package for the Social Science® versão 22 (SPSS Inc., Chicago, IC, USA). O nível de significância estatística adotado foi de 5%. Resultados: a prevalência de SM encontrada foi de 65,3%. A prevalência de DRC oculta encontrada foi de 16,4% e a prevalência de DRC nos participantes com SM foi de 75,2%. O componente da SM mais prevalente na população foi a pressão aterial elevada (96,7%), seguido de HDL-c baixo (81,0%), hipertrigliceridemia (77,1%), glicose de jejum elevada (67,6%) e obesidade central (66,0%). A chance de SM foi 7 vezes maior em mulheres do que em homens (OR = 7,21; IC95% 3,98 – 13,07). O uso de três ou mais medicamentos por dia elevou as chances de SM em mais de 2 vezes (OR = 2,35; IC95% 1,36 – 4,07) e o uso de cinco ou mais medicamentos elevou as chances de SM em aproximadamente 19 vezes (OR = 18,96; IC95% 8,14 – 44,14) em relação aos participantes que ingeriam somente um medicamento. O resultado da regressão logística múltipla revelou que ser do sexo feminino, ter idade menor ou igual a 50 anos, fazer uso de três ou mais medicamentos por dia, possuir LDL-c, VLDL-c, IMC, RCE elevados e colesterol total reduzido e estar classificado com risco cardiovascular foram independentemente associados à SM. Os participantes com SM apresentaram 76% mais chances de DRC do que aqueles sem SM (OR= 1,76 IC85% 1,11 – 2,78). A glicose de jejum elevada, obesidade central e HDL-c reduzido foram significativamente associados a um aumento de chance de DRC (OR = 2,80; IC95% 1,76 – 4,45; OR = 1,68; IC95% 1,05 – 2,71; OR = 1,61; IC95% 1,03 – 2,50, respectivamente). A combinação de três componentes da SM pressão arterial elevada, obesidade abdominal e glicemia de jejum elevada e a combinação de quatro componentes da SM pressão arterial elevada, baixo HDL colesterol, glicose de jejum elevada e obesidade abdominal foram associadas com maiores chances de DRC (OR= 2,67; IC95% 1,70 – 4,20; OR= 2,50; IC95% 1,55 – 4,02, respectivamente). Conclusões: a DRC se associou à SM, tanto por seus componentes individuais quanto por eles agrupados. O estudo também revelou que combinações de componentes da SM aumentam as chances de DRC na população estudada. Tendo em vista a importância da APS no manejo de patologias como a HA e o DM, e na prevenção de patologias como a SM e a DRC, o fortalecimento de políticas públicas de promoção de saúde e prevenção de agravos e enfermidades deve ser priorizado.