Dois ensaios sobre consumo e arranjos familiares brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sette, Ana Beatriz Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/19835
Resumo: Nas últimas décadas, as famílias brasileiras passaram por muitas transformações. Especificamente, ocorreram várias mudanças demográficas na sociedade, especialmente aquelas relativas à redução da mortalidade e da fecundidade, aumento da longevidade, e aos novos valores associados a este comportamento. Simultaneamente, houve mudanças no tamanho e na composição das famílias (redução no número de filhos, aumento do número de famílias constituídas por casais sem filhos, por mães com filhos, e por pessoas que moram sozinhas), nas relações de gênero e nos padrões de consumo. Assim, devido à existência de uma grande diversidade de arranjos familiares, mais heterogêneos quanto a sua composição e cada vez menores, analisar o padrão de consumo entre os arranjos familiares brasileiros tem grande relevância, pois considerar as especificidades dos distintos grupos pode trazer ganhos significativos para a análise. Para tanto, foram elaborados dois ensaios. O primeiro ensaio buscou analisar o padrão de consumo em grandes categorias agregadas (alimentação, habitação, vestuário, transporte, saúde, educação, recreação e cultura, e outras despesas de consumo) em diferentes arranjos domiciliares no Brasil utilizando dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008-2009. Para isso, foram estimadas Curvas de Engel, levando em consideração o tipo de arranjo domiciliar, o sexo e a escolaridade do responsável pelo domicílio, a renda familiar, presença de crianças, dentre outras variáveis demográficas. Os resultados indicaram a existência de diferenças no padrão de consumo das famílias associadas ao sexo do responsável pelo domicílio, sobretudo nos arranjos do tipo “monoparental” e “unipessoal”. Essas diferenças são mais evidentes nas despesas com Habitação, Saúde e Educação-recreação, em que o os gastos mensais per capita são muito menores para o “monoparental masculino” e “unipessoal masculino” em relação ao “monoparental feminino” e “unipessoal feminino”. Além disso, a hipótese de que a composição da família (presença de filhos, idosos e tamanho da família) afeta as decisões de consumo das famílias também foi verificada. Por exemplo, filhos com idade entre 0 a 6 anos e entre 7 a 12 anos afetam positivamente os gastos per capita com Habitação e Saúde, e afetam negativamente as despesas com Alimentação quando comparados com aqueles domicílios em que não há filhos nessa faixa etária. Já a presença de filhos com idade entre 13 a 18 anos afetam positivamente os gastos per capita com Vestuário e Educação-Recreação. Ademais, notou-se que a presença de idosos influenciam positivamente os gastos per capita com Saúde. Quanto ao tamanho da família, observou-se um efeito maior sobre as despesas com Habitação, Alimentação, Transporte, indicando que as famílias podem se beneficiar dos ganhos de economia de escala e consumo conjunto. Já o segundo ensaio teve como objetivo principal determinar o padrão de demanda de alimentos no Brasil considerando a importância do tipo de arranjo familiar, utilizando dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009. Para isso, foi estimado um sistema de demanda para 14 alimentos utilizando o modelo QUAIDS. Observou-se que tanto a renda quanto a idade do responsável pelo domicílio, embora exerçam um efeito pequeno, possuem uma relação de U invertido com a probabilidade de a família consumir a maioria dos alimentos. Pessoas mais escolarizadas tem menor probabilidade de consumo de alimentos básicos. Quanto à composição da família, observou-se que a presença de crianças tem uma influência positiva sobre o consumo de doces. Já a presença de idosos reduz a probabilidade de o domicílio consumir alimentos menos nutritivos, como Açúcar e Alimentos preparados. Além disso, o tamanho da família afeta positivamente a probabilidade de um domicílio adquirir produtos mais básicos. Por fim, foi observado que de fato o tipo de arranjo familiar tem influência sobre a probabilidade de consumo e sobre a quantidade consumida de alimentos pelas famílias. Por exemplo, famílias do tipo “casal com filhos” têm maior probabilidade de consumir os alimentos da amostra, o que pode indicar que as famílias desse tipo realizam mais refeições dentro do domicílio. Já nos arranjos em que a mulher é responsável pelo domicílio, “monoparental feminino” e “unipessoal feminino”, a probabilidade de consumir alimentos no domicílio é menor. Verificou-se também que homens sozinhos consomem mais Alimentos preparados em relação às famílias compostas por “casal com filhos”.