Relação juvenil-adulto quanto à tolerância ao défice hídrico em clones de eucalipto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Dias, Sharlles Christian Moreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/6824
Resumo: O eucalipto é a principal essência florestal cultivada no país. A expansão da fronteira florestal para regiões com baixos índices de precipitação anual e elevado déficie hídrico motivam a seleção de genótipos adaptados, buscando níveis de produtividade economicamente viáveis. A deficiência hídrica é considerada como o principal limitador ambiental à produção vegetal. A resistência à seca é uma característica complexa, envolvendo simultaneamente aspectos de morfologia, fisiologia e bioquímica das plantas. A seleção de clones em diferentes condições de disponibilidade hídrica pode ser realizada através de testes em campo, mais onerosos e demorados, ou através da avaliação precoce de mudas, com menor tempo além de apresentar menor custo. Os trabalhos com mudas geralmente estudam o comportamento morfo-fisiológicos dos clones, tentando relacionar estas características com uma possível tolerância/susceptibilidade em campo. O conjunto destas variáveis pode ser importante para diferenciar precocemente genótipos tolerantes/susceptíveis à deficiência hídrica, porém é necessário comparar os resultados de plantas jovens com dados de florestas adultas implantadas em regiões com déficie hídrico elevado. Este trabalho teve como objetivo avaliar as alterações morfo-fisiológicos decorrentes do déficie hídrico aplicado em mudas de sete clones de eucalipto, relacionando estas informações com a sobrevivência destes materiais genéticos na fase adulta, a fim de validar um possível indicador de seleção precoce. Os dados de mortalidade de árvores, aos 6,8 anos, foram obtidos junto ao Grupo Plantar, em experimentos de campo instalados nos municípios de Brasília de Minas/MG e Coração de Jesus/MG, regiões com elevado défice hídrico. Já o experimento de viveiro foi conduzido em leito de areia, no viveiro do Grupo Plantar em Curvelo/MG. Os tratamentos foram formados a partir da combinação de três regimes hídricos e sete clones de eucalipto, de acordo com o arranjo de parcelas subdivididas (3x7) em DBC, cada unidade experimental foi composta por 48 plantas. Foram utilizadas mudas dos clones PL3281, PL3334, PL3335, PL3336, PL3367, PL3487 e PL40. Os regimes hídricos aplicados foram: Sem défice hídrico (SDH), (plantas foram mantidas hidratadas durante todo experimento); Défice hídrico cíclico (DHc), (plantas submetidas à três ciclos de restrição e ressuprimento de água) e Défice hídrico severo (DH), (privação da irrigação até a mortalidade de todas as plantas). Diariamente, entre 04h e 05h foi mensurado o potencial hídrico foliar (ψw), às 07h foram quantificadas o número de mudas túrgidas e entre 08h às 11h, as trocas gasosas foram medidas a partir de uma folha expandida de uma planta central, utilizando o IRGA. No terceiro ciclo de restrição/ressuprimento foi medida a fluorescência da clorofila a nos tratamentos DHc e SDH. Análises de regressão destes valores em função do tempo (horas) e do potencial hídrico foliar da antemanhã foram ajustadas para o tratamento DH. A partir das equações foram calculados, para cada clone, o tempo e o potencial hídrico foliar crítico para atingir 90; 75; 50 e 25% de mudas túrgidas (em relação à quantidade inicial), denominadas Tg90, Tg75, Tg50 e Tg25, respectivamente. As plantas submetidas aos tratamentos SDH não apresentaram variações significativas nos valores de ψw mantendo um potencial médio de -3,51±0,04 BAR, não apresentando sintomas de murchamento. Nos tratamentos DHc e DH o número de mudas túrgidas seguiu tendência de redução gradual em resposta à redução do ψw, porém no tratamento DHc os ressuprimentos de água resultavam na elevação dos valores de ψw até próximo aos valores do SDH. No tratamento DH, o Tg90 mostrou-se ser o momento mais adequado para diferenciarmos os clones, provavelmente em virtude da ocorrência de danos irreversíveis ao aparato fotossintético nos níveis de estresse mais severos. Os clones apresentaram tempos distintos para atingir o Tg90, sendo classificados em 3 grupos: a) PL3367 e PL3281, b) PL3334 e PL3336 e c) PL3335, PL3487 e PL40, os quais levaram em média 155,1; 181,1 e 196,4 horas para atingirem o valor de Tg90, respectivamente. A redução do número de mudas túrgidas foi acompanhada pela redução nos valores de fotossíntese (A) e transpiração (E), possivelmente em virtude da redução da condutância estomática (Gs), sugerindo a ocorrência de limitações estomáticas. Os clones com maior tempo para atingir o Tg90 apresentaram menores taxas E, e Gs, quando comparado aos clones que atingiram o Tg90 mais rapidamente. O número de mudas túrgidas apresentou forte correlação de Pearson com todas as características fisiológicas mensuradas no tratamento DH, sugerindo que o número de mudas túrgidas, dentro de um período de tempo preestabelecido, pode ser utilizado como um indicador prático para evidenciar maior tolerância do eucalipto às condições de déficie hídrico. No tratamento DHc, ao final de cada ciclo de seca, os clones apresentaram uma perda de fotossíntese média de 76,5%; 71,7% e 46,9%, após o primeiro, segundo e terceiro ciclo, respectivamente. Após três ciclos de seca, foi possível verificar perda acumuladas em A em relação ao tratamento controle. O Clone PL3367 apresentou à maior perda relativa em A, enquanto que o clone PL40 apresentou à menor perda acumulada, em média 31,4% e 20,4% em relação ao tratamento SDH, respectivamente. Estas perdas foram atribuídas a limitações estomáticas, verificáveis pelos valores de Gs, uma vez que não foram observadas diferenças significativas na relação Fv/Fm entre as plantas do DHc e SDH, indicando que não ocorreram danos significativos aos centros de reação da fotossíntese. No experimento de campo, Os clones PL3334 e PL3281 apresentaram os maiores valores de mortalidades, 53,7% e 39,2%, respectivamente. O clone PL40 não apresentou nenhuma planta morta, enquanto que o PL3335 atingiu mortalidade média de 9,3%. A comparação dos grupos formados em campo e no viveiro mostra que os clones com menor mortalidade no campo também apresentaram maiores tempos para atingirem o valor de Tg90. O coeficiente de correlação de Spearman entre o ranking dos clones no campo e no viveiro foi de 0,8285 (p<0,05), indicando alta relação entre a mortalidade no campo e o número de mudas no Tg90. Em conjunto esses resultados garantem que materiais tolerantes mantenham-se melhor hidratados, por períodos de tempo maiores, suportando assim situações de défice hídrico. Os resultados observados em viveiro foram extremamente associados com resultados obtidos em nível de campo, demonstrando ou produzindo um indicador prático para testes de tolerância ao défice hídrico.