Hábito e preferência alimentar de adolescentes residentes na zona rural e urbana de Viçosa-MG: análise dos fatores determinantes e da relação com o estado nutricional e de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Silva, Daniela Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Valor nutricional de alimentos e de dietas; Nutrição nas enfermidades agudas e crônicas não transmis
Mestrado em Ciência da Nutrição
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/2762
Resumo: A adoção de hábitos de vida inadequados na adolescência pode propiciar o desenvolvimento de alterações no estado nutricional, composição corporal e perfil lipídico nesta fase, favorecendo o desenvolvimento de fatores de risco cardiovascular. Objetivou-se avaliar a prevalência e fatores associados às alterações bioquímicas, ao estado nutricional, ao hábito e preferência alimentar e a qualidade da dieta em adolescentes da zona rural e urbana de Viçosa-MG. Inicialmente, buscaram-se os adolescentes estudantes e residentes na zona rural que tinham entre 10 e 13 anos de idade (n=132), sendo encontrados 110 elegíveis, dos quais, 91 participaram (82,7%). Estes foram pareados por idade, sexo e classe econômica, com os alunos da zona urbana na proporção de 1:1, totalizando 182 adolescentes na amostra final. A coleta de dados constou da realização de medidas antropométricas e de exames bioquímicos, estimativa da composição corporal e avaliação de características secundárias de maturação sexual. Aplicaram-se questionários socioeconômicos, de atividade física e inquéritos dietéticos. Para o cálculo do Índice de Qualidade da Dieta (IQD), utilizou-se a proposta adaptada de Guenter et al. (2007) e a revisão de Previdelli et al. (2011). Além disso, realizou-se jogo eletrônico sobre preferência alimentar. Avaliou-se a associação de variáveis socioeconômicas, demográficas, maturação sexual e de estilo de vida com os desfechos relacionados ao perfil lipídico (colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos), ao estado nutricional (escore-z estatura/idade, escore-z IMC/idade e percentual de gordura corporal - GC) e à qualidade da dieta. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa-MG (Of.Nº054/2011) e os pais/responsáveis registraram autorização perante termo de consentimento livre e esclarecido. Dos adolescentes avaliados, 62,6% (n=114) eram do sexo masculino. A idade variou de 10,02 a 13,95 anos, com mediana e média+DP de 11,13 e 11,42+1,0 anos, respectivamente. Em relação ao perfil lipídico, observou-se que colesterol total e LDL foram os parâmetros mais alterados entre os adolescentes (64,8% e 41,8%, respectivamente). Não houve diferença no perfil lipídico sérico entre adolescentes da zona rural e urbana. Verificou-se que sexo e sinais de maturação sexual mostraram-se associados ao colesterol total; a ingestão de fibras associou-se ao HDL e os sinais de maturação sexual, ao LDL. Para os triglicerídeos os fatores associados foram sexo, estado nutricional e ingestão de proteína. Observou-se que 14,3% dos adolescentes apresentavam estatura inadequada, 22% déficit de peso, 21,4% excesso de peso, 18,7% baixo percentual de GC e 33,5% alto percentual de GC. O fato de residir na área rural e apresentar menor ingestão de cálcio associou-se a menores escores-z de estatura/idade. Nenhuma das variáveis analisadas explicou o desfecho escore-z IMC/idade. O log%GC foi explicado pela pontuação econômica e sexo. A pontuação total do IQD não diferiu entre local de residência. No entanto, a pontuação dos componentes frutas totais, frutas inteiras e leite e derivados foi maior para os adolescentes da zona urbana enquanto que para os da zona rural, maior pontuação foi atribuída para vegetais totais; vegetais verdes escuros e alaranjados; carne, ovos e leguminosas; sódio e Gord_AA (calorias provenientes de gorduras sólidas e açúcar de adição). Para adolescentes da zona rural a qualidade da dieta aumentou com o grau de gostar de repolho, iogurte e com o número de refeições e, diminuiu com o grau de gostar de bala. Para os da zona urbana, a pontuação do IQD aumentou com o grau de gostar de banana, pão e repolho e com o IMC e, diminui com o grau de gostar de achocolatado. Os resultados encontrados demonstraram a elevada prevalência de alterações no estado nutricional, na composição corporal e no perfil bioquímico entre os adolescentes da zona rural e urbana avaliados. Estas alterações mostraram-se associadas a diversos fatores, merecendo destaque os ambientais, especialmente os ligados à alimentação. Apesar da pontuação total do IQD não diferir entre os adolescentes da zona rural e urbana, a pontuação atribuída aos componentes se diferenciou, sendo importante entender quais os fatores estavam envolvidos. A preferência alimentar foi a variável que mais explicou a qualidade da dieta, independente do local de residência. Assim, nota-se que os fatores relacionados ao hábito alimentar de adolescentes da zona rural e urbana parecem não diferir e estes já se apresentam associados a alterações no estado nutricional e de risco cardiovascular, o que reforça a importância de práticas de educação nutricional com os adolescentes, tendo em vista que os hábitos adotados neste período tendem a permanecer na idade adulta.