Construção e validação de um questionário de frequência alimentar para adultos brasileiros de acordo com a classificação Nova

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Evelyn Oliveira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-13102023-093628/
Resumo: Introdução: A ciência tem mostrado cada vez mais os efeitos deletérios da alimentação inadequada sobre a saúde humana e planetária. Nesse cenário, o estudo da alimentação, considerando o processamento, ganha destaque, e surge a classificação Nova, que categoriza alimentos segundo grau, extensão e propósito de processamento. Essa classificação tem sido utilizada em diversos estudos epidemiológicos. Entretanto, tais estudos têm uma limitação em comum: o uso de instrumentos de avaliação do consumo alimentar inespecíficos para o processamento de alimentos, o que pode levar a vieses na mensuração do consumo alimentar e seus efeitos na saúde global. Objetivo: Desenvolver e validar um questionário de frequência alimentar (QFA-Nova) que avalia o consumo habitual de alimentos segundo a classificação Nova para adultos brasileiros. Métodos: O QFA-Nova é um questionário autoaplicável e quantitativo. A lista de alimentos incluiu os alimentos mais consumidos (em diferentes graus de processamento) pela população brasileira adulta, de acordo com dados de dois recordatórios de 24 horas da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 (POF 17-18). Um pré-teste foi realizado com amostra de 20 adultos para avaliar a compreensão do instrumento. Para a validação, foram utilizados os dados do estudo NutriNet Brasil, que investiga a relação entre padrões alimentares e morbimortalidade por doenças crônicas não-transmissíveis em adultos brasileiros. Foram convidados, através da plataforma do estudo, 1.200 participantes. Os participantes responderam a dois recordatórios de 24 horas desenvolvidos e validados, previamente, para avaliar o processamento de alimentos (R24h-Nova) no ano anterior e responderam o QFA-Nova duas vezes com intervalo de quatro a seis semanas. Foram comparadas as estimativas de consumo dos seguintes grupos da classificação Nova: alimentos in natura ou minimamente processados (G1), ingredientes culinários processados (G2), alimentos processados (G3) e alimentos ultraprocessados (G4). Para reprodutibilidade, foram comparadas as estimativas das duas aplicações do QFA-Nova. Para validade de critério, foram comparadas as estimativas da primeira aplicação do QFA-Nova e da média de dois R24h-Nova. Foi estimado o coeficiente de correlação intraclasse para as duas análises. Para validação de critério, foi estimado também a concordância da classificação em quintis de consumo dos grupos da classificação Nova por meio do coeficiente kappa. Resultados: Foram incluídos 243 participantes na análise de reprodutibilidade e 377 participantes na análise de validação de critério. A análise de reprodutibilidade mostrou excelente capacidade de reprodução de resultados semelhantes ao longo do tempo com coeficiente de correlação intraclasse de 0,91 para todos os grupos. Na validação de critério, houve concordância moderada entre os instrumentos com coeficiente de correlação intraclasse que variou entre 0,61 para alimentos processados e ultraprocessados e 0,65 para alimentos in natura e minimamente processados. A classificação em quintis apresentou concordância substancial através do coeficiente kappa ajustado para prevalência e viés (PABAKs= 0,74; 0,72; 0,70 e 0,73, respetivamente, para G1, G2, G3 e G4 da Nova). Conclusões: O QFA-Nova é um instrumento válido para avaliar o consumo alimentar segundo o processamento de alimentos. O instrumento apresentou também boa capacidade de discriminar indivíduos segundo magnitude de consumo de todos os grupos da classificação Nova. Espera-se que o QFA-Nova seja utilizado em estudos epidemiológicos que investiguem o impacto do processamento de alimentos na saúde pública.