A Financeirização do Mercado Futuro Agropecuário no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Silva, Viviane Araujo da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos
Mestrado em Economia Aplicada
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/67
Resumo: Ao longo das últimas décadas, os preços das commodities registraram vários períodos de grande oscilação, tanto com tendência de baixa quanto de alta. O último movimento observado iniciou-se no ano de 2002 e, contrariando as expectativas, mostrou-se persistente e abrangente, atingindo tanto as soft commodities, que são os produtos cultivados, quanto as hard commodities, que são os produtos extraídos ou minerados. Desde então, vários fatores têm sido apresentados como possíveis determinantes do ciclo altista dos preços. Esse cenário estaria sendo fomentado, entre outros fatores, pelo crescente aumento da demanda mundial, destacando-se China e Índia, pelo aumento da utilização de cereais para a produção de ração animal e pelo incentivo à produção de biodiesel, enquanto que, atuando do lado oferta, estariam as mudanças climáticas e a manutenção de baixos estoques. Além dos motivos apresentados, outro fator abordado pela literatura, e que se constitui no objeto de estudo desta pesquisa, é o aumento da atividade especulativa no mercado futuro de commodities, denominada financeirização. A financeirização tem sido apontada como um dos fatores responsáveis pela formação de uma bolha especulativa nos mercados futuros de alimentos, gerando instabilidade ao provocar o aumento dos preços e da volatilidade. Não há na literatura corrente, especialmente no Brasil, estudos específicos que abordem o impacto da financeirização sobre a volatilidade dos mercados futuros de commodities agropecuárias. Dessa forma, objetivou-se com esta pesquisa analisar a influência dos mercados financeiros, internacional e nacional, sobre o mercado futuro agropecuário no Brasil, verificando se o aumento do volume de negociações com contratos futuros tem sido acompanhado de aumento da volatilidade nos mercados futuros de boi gordo, milho, café arábica e soja. Ademais, diante da hipótese de que o aumento do volume de negociações em futuros esteja causando o aumento dos preços dos alimentos, foi examinada a existência de relação causal entre o volume de contratos futuros comercializados e os preços futuros das commodities. O estudo compreendeu o período entre os anos de 2002 e 2011. Para a análise da transmissão de volatilidade foi utilizado o modelo GARCH multivariado BEKK, enquanto que a verificação da causalidade na variância se deu por meio da avaliação da significância estatística da função de correlação cruzada dos resíduos padronizados ao quadrado das séries financeiras, oriundos da estimação de modelos GARCH univariados. A investigação da existência de relação linear causal entre o volume comercializado de contratos futuros e os retornos das cotações desses contratos foi realizada utilizando-se o modelo de Auto-Regressão Vetorial (VAR). Os resultados mostram haver transmissão de volatilidade entre o mercado financeiro internacional e o mercado futuro de milho, café arábica e soja, enquanto não foi detectada transmissão de volatilidade entre o mercado financeiro internacional e o mercado futuro de boi gordo. Com relação ao mercado financeiro nacional, os resultados apontam para a existência de transmissão de volatilidade deste mercado apenas para o mercado futuro de milho, enquanto que no mercado futuro de boi gordo, a transmissão se dá na direção oposta. Não há indícios de transmissão de volatilidade entre o mercado financeiro nacional e os mercados futuros de café arábica e soja, em nenhuma direção. O teste de causalidade na variância indicou que no período 2002-2011, com exceção da relação mercado financeiro nacional-mercado futuro de boi gordo, a volatilidade do mercado financeiro não causou a volatilidade dos mercados futuros, assim como a volatilidade dos mercados futuros não causou a volatilidade do mercado financeiro. Os resultados também indicam não haver relação linear causal partindo do volume de contratos futuros negociados em direção aos retornos dos preços. Considerando a análise da relação causal partindo dos retornos dos contratos futuros em direção ao volume comercializado, os resultados foram divergentes, nos mercados futuros de boi gordo e soja não foi detectada relação causal, enquanto que, nos mercados futuros de milho e café arábica ficou comprovado que os retornos dos preços futuros precedem temporalmente o volume negociado. Deve-se considerar que esta análise não permite avaliar a existência de correlação contemporânea entre as variáveis. De acordo com este estudo, não foi possível confirmar a hipótese de que o aumento do volume de comercialização de contratos futuros, provocado pela financeirização, esteja contribuindo para o aumento dos preços e da volatilidade das commodities agropecuárias no Brasil.