O generalista na estratégia de saúde da família: um Hércules entre a rotatividade e a utopia
Ano de defesa: | 2011 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Valor nutricional de alimentos e de dietas; Nutrição nas enfermidades agudas e crônicas não transmis Mestrado em Ciência da Nutrição UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/2731 |
Resumo: | O Programa de Saúde da Família (PSF) configura-se como principal instrumento de implementação da Atenção Primária à Saúde (APS) e estratégia chave para reformulação do sistema sanitário no Brasil - o Sistema Único de Saúde (SUS). O PSF tem enfrentado a rotatividade do médico generalista como um dos maiores entraves para sua implementação. Fundamentado no vínculo entre profissionais da equipe e população, a alta rotatividade dos médicos apresenta-se como importante desafio à sua efetividade. São implicadas como causas da rotatividade:carência de médicos para atuar no PSF, formas de contratação, infraestrutura material, dinâmica da assistência e condições sócio-políticas para desenvolvimento do trabalho. Este estudo apresenta, por meio da metáfora entre a condição do generalista no PSF e o mito de Hércules, alguns dos desafios que este profissional enfrenta e tem como objetivos:1) caracterizar quais seriam as implicações do perfil socioeconômico, profissional, de formação, hábitos de vida e condições de trabalho dos médicos no PSF de Belo Horizonte, Minas Gerais (PSF/BH) entre as causas de rotatividade deste profissional; 2) caracterizar as percepções dos profissionais médicos do PSF/ BH, quanto aos fatores que motivam ou não sua atuação no PSF e seus reflexos sobre a rotatividade e 3) caracterizar as condições de trabalho e estilo de vida, bem como as percepções quanto aos próprios hábitos alimentares, dos profissionais médicos em atuação no PSF/BH, e suas influências na rotatividade destes profissionais. Para tanto foi utilizado como métodoa pesquisa quali-quantitativa. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semiestruturadas a 18 médicos do PSF/BH, em Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) de maior e menor rotatividade nos nove distritos sanitários da x cidade.O corpus de análise dos dados qualitativos ocorreu por meio do método de análise de conteúdo. Como resultados ressalta-se que o PSF vem ao encontro dos anseios de uma gama de profissionais que tem como motivações a possibilidade de trabalho humanizado, longitudinal e integral que o PSF oferece, associado à atuação em saúde pública, a formação de vínculo, a educação permanente e a preferência por uma rotina de trabalho com horários bem definidos são fatores que melhoram a fixação destes profissionais ao PSF. A rotatividade dos médicos do PSF em estudo associa-se às condições de trabalho precárias, em especial à sobrecarga de trabalho, bem como às dificuldades relacionadas tanto à falta de um lugar adequado para realizar as refeições no local de trabalho, como a impossibilidade de deslocamento a casa ou restaurantes, devido ao tempo gasto. Os prejuízos aos hábitos de vida saudáveis são elementos que influem na rotatividade. Dificuldades com a infraestrutura, a sobrecarga de trabalho, a organização precária do serviço, problemas com a equipe de trabalho e com a gerência, bem como os relacionados a referencia e contra referencia, agravados pela violência, são fatores apontados como causas da rotatividade do médico, em busca de um melhor ambiente de trabalho. À semelhança de Hércules, ao carregar o mundo nas costas, o generalista no estudo entende que é necessária motivação não apenas ideologia, mas remuneração condizente para o trabalho em PSF, educação permanente, rotina de horários e de fluxo de atendimento, infraestrutura e organização do serviço. É preciso promover saúde, prevenir doenças e agravos, mas também é imprescindível contar com o trabalho em equipe, em todos os níveis de complexidade da atenção à saúde. Só assim, homens e não são semideuses estariam aptos e motivados a realizar tão desafiadora tarefa. |