A prática do presenteísmo e suas implicações no cotidiano dos Agentes Comunitários de Saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Belini, Isadora Caldeira lattes
Orientador(a): Paschoalin, Heloisa Campos lattes
Banca de defesa: Coelho, Angélica da Conceição Oliveira lattes, Souza, Norma Valéria Dantas de Oliveira lattes, Greco, Rosangela Maria lattes, Oliveira, Elias Barbosa de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Enfermagem
Departamento: Faculdade de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/7810
Resumo: O presenteísmo é considerado relativamente novo no mundo do trabalho e da saúde ocupacional. Esse é um assunto de interesse atual e recente, que pode ocasionar dúvidas em seu verdadeiro significado e definição. Ao estar fisicamente presente no trabalho, mas apresentando falta de atenção, foco, energia ou algum sinal e sintoma de adoecimento, o trabalhador pode comprometer o trabalho, gerando a perda de produtividade, que normalmente é difícil de calcular. Essa prática pode também ocasionar agravos à saúde. Os objetivos da presente investigação são: analisar a associação entre presenteísmo com os fatores ocupacionais e as condições de saúde entre os Agentes Comunitários de Saúde da Atenção Primária à Saúde do Município de Juiz de Fora – MG; descrever o perfil sociodemográfico dos ACSs; identificar a prevalência de presenteísmo entre os ACSs; identificar os principais motivos que levam os ACSs a permanecerem no trabalho quando doentes; descrever a associação entre o presenteísmo e as condições de saúde entre os ACSs; analisar os fatores ocupacionais associados a presenteísmo entre os ACSs e analisar se o presenteísmo interfere na qualidade do trabalho dos ACSs. Trata-se de um estudo seccional, recorte de uma pesquisa denominada “Trabalhadores da Atenção Primária à Saúde: Condições de Trabalho e de Vida'', no qual participaram 400 ACSs. A coleta de dados se deu por meio de questionário-entrevista aplicado por entrevistadores no período de julho a outubro de 2015 e outubro de 2016 a fevereiro de 2017. O presenteísmo foi mensurado por meio da Escala Stanford Presenteeism Scale (SPS-6), versão traduzida, adaptada e validada para o português brasileiro. Os resultados mostram que a população de estudo foi composta, em sua maioria, por mulheres (91,3%), sendo a média de idade de 46 anos; 46,4% se autodeclaram brancos; 65,3% possuíam até o Ensino Médio completo; 96,1% pertencem às regiões Sul de Minas e Zona da Mata. Dos entrevistados, 39,8% se encontravam na classe social B2; 57,6% eram casados ou viviam em união estável e 77,7% possuíam filhos. Quanto aos hábitos de vida e saúde, 62,7% dos ACSs possuem alto nível de atividade física, 81,4% apresentam consumo de baixo risco de álcool e apenas 10,3% relatam fumar. Sobre o estresse psicossocial, 32,5% se encontravam na categoria de alta exigência no trabalho, considerada a mais prejudicial para a saúde do trabalhador. Em relação ao presenteísmo, 58,8% da população relataram ser presenteístas e os principais motivos descritos foram “Não há quem lhe substitua e seu serviço vai ficar acumulado” (59,1%) e “Sua ausência vai comprometer a assistência” (44,3%). Os sinais e sintomas de adoecimento mais evidentes foram osteomuscular (38,3%); processos infecciosos (25,1%); enxaqueca/cefaleia (19,6%); alterações psíquicas e do sistema nervoso central (13,2%); doenças crônicas (11,5%); distúrbios hormonais (2,6%); outros problemas e não declarados (14,5%). Ao analisar as duas dimensões que compõem a escala SPS-6, trabalho finalizado e concentração mantida, evidenciaram-se escores menores na dimensão trabalho finalizado. Portanto o presenteísmo afeta a quantidade do trabalho realizado pelos agentes. Em relação às variáveis sociodemográficas, observou-se associação significativa com sexo e filhos, sendo as mulheres e os que possuem filhos os mais presenteístas. Quanto às variáveis ocupacionais, a ocorrência de acidentes de trabalho e o baixo apoio social tiveram associação com o presenteísmo e, entre as variáveis relacionadas com hábitos de vida e saúde, aqueles que consideram seu estado de saúde geral e bucal ruim foram os que mais praticaram o presenteísmo. Os resultados mostram, portanto, a alta prevalência do presenteísmo entre os ACSs e que esta prática interfere negativamente na capacidade física desses trabalhadores.