Efeitos da ingestão de farinha integral de linhaça sobre fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em ratos Wistar adultos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Espeschit, Ana Cristina Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Valor nutricional de alimentos e de dietas; Nutrição nas enfermidades agudas e crônicas não transmis
Mestrado em Ciência da Nutrição
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/2742
Resumo: A linhaça (Linum usitatissimum L), por conter vários compostos bioativos, vem sendo investigada como um alimento com potencial para reduzir riscos de doenças crônicas não transmissíveis. O presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos da ingestão da farinha integral de linhaça sobre fatores de risco de doenças crônicas não transmissíveis em animais alimentados com dietas equilibradas (AIN-93M) e dieta obesogênica (dieta de cafeteria), e ainda avaliar os efeitos fisiológicos entre a ingestão de farinhas integrais de linhaça crua e submetida ao tratamento térmico. Realizou-se um estudo controlado, longitudinal, com duração de 57 dias, utilizando-se 60 ratos machos adultos Wistar. Os animais foram distribuídos em seis grupos (n = 10), recebendo as dietas experimentais: controle-dieta equilibrada: AIN-93M; FLTT: AIN-93M contendo 50% do teor de fibras alimentares fornecido pela fibra da farinha de linhaça submetida ao tratamento térmico; FLsTT: AIN-93M contendo 50% do teor de fibras alimentares provenientes da fibra da farinha de linhaça sem tratamento térmico; CAF: controle dieta obesogênica: dieta de cafeteria; CAFL: dieta de cafeteria + 12,5% de farinha de linhaça; comercial: ração comercial (padrão histológico de roedor). Foram avaliados os seguintes parâmetros: consumo alimentar, coeficiente de eficiência alimentar (CEA), ganho de peso corporal, índices hepatossomático e gonadossomático; concentrações séricas de colesterol total, de HDL, de triacilgliceróis, de hemoglobina total e glicada e as atividades de alanina aminotransferase e de aspartato aminotransferase, teor de lipídios nas fezes e peroxidação lipídica no soro e em homogenados de fígado e de testículo, por meio do teste de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). O padrão histológico do tecido hepático foi analisado para mensurar a deposição de gordura. Os dados foram submetidos à ANOVA, e os testes de Duncan e Kruskal-Wallis foram utilizados para discriminar diferenças entre médias, adotando-se o nível de significância de 0,05. A ingestão de dieta AIN-93M contendo linhaça reduziu os níveis séricos de triacilglicerol, colesterol total e de TBARS no soro, aumentou a excreção de lipídios pelas fezes e elevou o índice hepatossomático dos animais. A farinha de linhaça sem tratamento térmico reduziu o consumo alimentar diário, sem alterar o CEA. HDL, aspartato e alanina aminotransferases, hemoglobina total e glicada, bem como TBARS nos homogenados de fígado e testículo e índice gonadossomático não apresentaram diferença entre os grupos experimentais. A dieta de cafeteria, em comparação com a dieta AIN-93M, promoveu menor consumo alimentar e elevação de CEA, TBARS do fígado, alanina aminotransferase, hemoglobina total, hemoglobina glicada, maior deposição de gordura hepática e redução do colesterol total. A adição de linhaça na dieta de cafeteria causou os seguintes efeitos: diminuição dos níveis séricos de triacilgliceróis, aumento da excreção de lipídios fecais quando comparados com os grupos AIN-93M e CAF, diminuindo para níveis fisiológicos a concentração da hemoglobina glicada aumentada na dieta de cafeteria. A adição de linhaça não influenciou o peso corporal dos animais, os níveis séricos de HDL e a relação CT/HDL, a concentração de TBARS no soro e em homogenados de testículo, as atividades de aspartato e os índices hepatossomáticos e gonadossomáticos. Concluiu-se que as farinhas de linhaça integral crua ou processada termicamente apresentaram efeitos similares na maioria dos parâmetros avaliados, exceto para a ingestão alimentar, que foi menor para a forma crua, embora esse efeito não tenha resultado em menor ganho de peso corporal. A farinha integral de linhaça induziu efeitos fisiológicos positivos nas duas diferentes condições nutricionais, mas a modulação do perfil de lipídios séricos, considerado um importante fator de risco de doenças cardiovasculares, foi dependente da qualidade da dieta. Quando adicionada na dieta equilibrada (AIN-93M), a linhaça apresentou efeito hipocolesterolêmico, mas na dieta com elevado teor de lipídios (dieta de cafeteria), ela mostrou efeito hipercolesterolêmico, provavelmente por aumentar a síntese de lipoproteínas carreadoras de colesterol. A farinha integral de linhaça também atenuou a glicação de proteínas induzida pela dieta de cafeteria. Esses resultados sugerem uma nova perspectiva para a alegação funcional de alimentos, uma vez que alimentos ricos em compostos bioativos podem apresentar efeitos fisiológicos benéficos, mesmo na presença de dieta desequilibrada.