Desenvolvimento e desempenho de porta-enxertos de tomateiro resistentes à Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raças 1, 2 e 3

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Fernandes, Rafael Henrique
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28851
Resumo: A grande diversidade do gênero Solanum conservada em bancos de germoplasma permite que utilização de genótipos com genes de interesse já identificados possam ser utilizados na rápida obtenção de híbridos com resistências à patógenos. A murcha de fusário é uma doença de solo altamente destrutiva, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici (FOL). Este fungo possui três raças fisiológicas descritas (raças 1, 2 e 3) capaz de infectar cultivares com diferentes loci de resistência. Diferentemente das raças 1 e 2, a raça 3 ainda tem distribuição geográfica limitada, representando grande risco à tomaticultura tropical pela escassez de cultivares adaptadas e resistentes a esta raça. A enxertia pode ser uma alternativa para o cultivo de materiais suscetíveis mesmo em áreas infectadas, através do desenvolvimento de porta-enxertos resistentes. Os porta-enxertos devem, além de conferir resistência ao patógeno que se deseja controlar, ter boa compatibilidade com a variedade copa e não influenciar negativamente na produtividade e qualidade dos frutos. Assim, o objetivo foi obter híbridos de tomateiro resistentes à murcha de fusário e direcioná-los quanto ao potencial uso no manejo da doença. Foram obtidos cinco híbridos intraespecíficos de Solanum lycopersicum, denominados FOX1, FOX2, FOX3, FOX4 e FOX5, mediante cruzamentos de linhagens de introgressão de Solanum pennellii (LA4025, LA4026, LA4065, LA4066 e LA4067, que contém o gene I-3 de resistência a raça 3 de FOL) e uma cultivar comercial, que possui resistência às raças 1 e 2. Os híbridos FOX1 e FOX4 foram selecionados por demonstrarem resistência às três raças de FOL e direcionados como possíveis porta-enxertos a serem utilizados no manejo da doença. O híbrido de tomateiro cereja Sweet Heaven foi usado como cultivar copa (enxerto) para FOX 1 e FOX4. A possibilidade de averiguar a compatibilidade entre estes materiais foi realizada através de avaliações das concentrações de fitohormônios em raízes e folhas, 20 dias após a enxertia, e em folhas aos 70 dias após a enxertia. A concentração de alguns fitohormônios relacionados a estresses foi alterada, provavelmente causados pela enxertia. Por exemplo, as folhas de plantas enxertadas com o híbrido FOX1 tiveram menor concentração de ácido salicílico (AS) e maior concentração de ácido abscísico (ABA) aos 70 dias após a enxertia. As altas concentrações de ABA sugerem algum grau de incompatibilidade entre FOX1 e Sweet Heaven, enquanto a concentração deste fitohormônio foi menor em FOX4/SH, indicando maior compatibilidade entre eles. Contudo, por se tratar de um procedimento ainda pouco explorado, é necessário o estudo da compatibilidade dos materiais em condições de cultivo para analisar a viabilidade de interpretações a partir deste tipo de análise. Posteriormente, o desempenho dos híbridos FOX1 e FOX4 como porta-enxertos de Sweet Heaven foi verificado através de um ensaio em condições de casa de vegetação. Os tratamentos consistiram no cultivo de plantas com a combinação entre enxerto e porta- enxertos (FOX1/SH e FOX4/SH), autoenxertia de Sweet Heaven (SH/SH) e plantas pé- franco de Sweet Heaven (SH). Foram realizadas avaliações do crescimento e número de folhas do transplantio até a poda apical (1,80 m), taxa de pegamento dos frutos no 3º e 5º cachos da haste principal, trocas gasosas aos 30, 60 e 90 dias após o transplantio, variáveis relacionadas a produtividade, cor e qualidade dos frutos. A maior parte das variáveis analisadas não foi afetada pela enxertia com FOX1 e FOX4, com exceção da taxa de pegamento dos frutos, que foi reduzida pela enxertia, mas não comprometeu a produtividade. A avaliação de qualidade dos frutos evidenciou reduções na firmeza, sólidos solúveis totais e no pH da polpa em frutos de plantas enxertadas com FOX1 (FOX1/SH), o que pode comprometer sua adoção como porta-enxerto. Por sua vez, as plantas de FOX4/SH tiveram desempenho equivalente aquelas de Sweet Heaven em pé- franco em praticamente todas as avaliações, incluindo a qualidade dos frutos. Portanto, conclui-se que o híbrido FOX4 é material promissor a ser utilizado como porta-enxerto, visando o manejo da murcha de fusário em tomateiro.