Indicadores cardiometabólicos, de densidade mineral óssea e percepção da imagem corporal de adolescentes de 10 a 19 anos, com triagem positiva para transtornos alimentares, do município de Viçosa, MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cecon, Roberta Stofeles
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/12906
Resumo: Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas, de etiologia multidimensional, caracterizadas pela relação distorcida do indivíduo com o padrão alimentar e forma corporal, sendo mais prevalente em adolescentes e adultos jovens. A alteração da percepção da imagem corporal é considerada fator de risco e manutenção desses distúrbios alimentares. A alta morbidade e mortalidade dessa doença demonstra a necessidade de estudos sobre alterações no perfil antropométrico e de composição corporal, fatores cardiometabólicos e de densidade mineral óssea relacionada à presença de comportamento alimentar de risco. Objetivou-se analisar os indicadores cardiometabólicos, densidade mineral óssea e a percepção da imagem corporal de adolescentes com e sem triagem positiva para transtornos alimentares. Tratou-se de um estudo transversal, realizado com adolescentes de 10 a 19 anos de idade, de ambos os sexos, de todas as escolas públicas e particulares da zona urbana do município de Viçosa, Minas Gerais. Todos os adolescentes que quiseram participar e apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Assentimento assinado por eles e pelos pais e/ou responsáveis, passaram pela avaliação de critérios de inclusão, avaliação nutricional (peso, altura e percentual de gordura corporal), triagem de transtornos alimentares, utilizando-se os questionários Eating Attitudes Test (EAT-26), Bulimic Investigatory Test Edinburg (BITE) e o Children’s Eating Attitudes Test (ChEAT), e avaliação da percepção da imagem corporal através da Escala Brasileira de Silhueta. As avaliações posteriores (antropométricas, de composição corporal, pressão arterial, densidade mineral óssea, e parâmetros bioquímicos) foram realizadas naqueles adolescentes que apresentaram escore aumentado para pelo menos um dos questionários de triagem de transtornos alimentares e em um grupo de adolescentes sem triagem positiva para transtornos, sorteados, pareando-se os dois grupos segundo idade e sexo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. Foram avaliados 2.123 adolescentes, nas 23 escolas do município, participando da avaliação dos critérios de inclusão, peso, altura, percentual de gordura corporal e triagem de transtornos alimentares. As demais avaliações, que incluíram densidade mineral óssea, aferiação da pressão arterial, avaliação antropométrica e de composição corporal e exames bioquímicos foram realizadas em 376 adolescentes, sendo 194 adolescentes com triagem positiva, que aceitaram participar do estudo e 182 adolescentes sem triagem positiva para transtornos alimentares, divididos segundo estado nutricional. A prevalência de triagem positiva foi de 11,4% (n=242). Dos 2.123 adolescentes avaliados, 66,5% (n=1.411) eram do sexo feminino, e a prevalência de triagem positiva para transtornos foi maior na fase final da adolescência (17 a 19 anos) quando comparado às fases intermediária (14 a 16 anos) e inicial (10 a 13 anos). Encontrou-se alta prevalência de excesso de peso nos adolescentes, sendo que o grupo com triagem positiva para transtornos apresentou 38% (n=92) contra 18,9% (n=355) do grupo sem triagem positiva. Os questionários utilizados para triagem dos transtornos alimentares mostraram que mais de um quinto dos adolescentes se preocupavam com a imagem corporal. A percepção da imagem corporal foi avaliada nos adolescentes de 10 a 14 anos, apresentando uma distorção de 56,9% (n=740), com mais da metade deles superestimando o tamanho do corpo, e insatisfação corporal de 79,3% (n=1.031), com maioria querendo diminuir a forma corporal, sendo esta última, considerada fator de risco para a triagem positiva de transtornos alimentares, aumentando 13,45 vezes a chance de ocorrência desse evento. A pressão arterial manteve-se dentro da normalidade em todos os adolescentes, já a contagem de monócitos mostrou associação negativa com o aumento da pontuação dos questionários de triagem de transtornos. Do perfil lipídico, apenas o colesterol total do grupo de triagem positiva e do grupo sem triagem positiva, eutróficos segundo o Índice de Massa Corporal/Idade e excessos de peso segundo o percentual de gordura corporal, apresentaram valores acima do considerado desejável, evidenciando uma preocupação com o maior risco cardiovascular. Os transtornos alimentares estão entre as três doenças crônicas mais prevalentes entre os adolescentes, e a obesidade central foi um dos fatores cardiometabólicos associados à triagem positiva desses distúrbios, fator esse, facilmente modificável através da alteração dos hábitos alimentares e estilo de vida.