Comparação de diferentes componentes para o diagnóstico da síndrome metabólica na adolescência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Faria, Eliane Rodrigues de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Dietética e Qualidade de Alimentos; Saúde e Nutrição de Indivíduos e Populações
Doutorado em Ciência da Nutrição
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/384
Resumo: A resistência à insulina está associada a alterações metabólicas como dislipidemias, hipertensão, diabetes, excesso de peso e/ou de gordura corporal, que em conjunto, caracterizam a síndrome metabólica e se comportam de forma diferente nas três fases da adolescência. Com o objetivo de comparar os componentes da síndrome metabólica entre os sexos e as três fases da adolescência, propondo um novo critério para diagnóstico da síndrome, procedeu-se a um estudo epidemiológico, de corte ransversal. Foram avaliados 800 adolescentes, de 10 a 19 anos, de ambos os sexos, de escolas públicas e privadas da zona urbana e rural do município de Viçosa-MG/Brasil, conforme as fases da adolescência: inicial (10-13 anos), intermediária (14-16 anos) e final (17-19 anos). Foram verificados os parâmetros antropométricos e de composição corporal como peso, estatura, IMC, percentual de gordura corporal, massa de gordura e livre de gordura, perímetros da cintura, quadril, relação cintura/estatura (RCE) e relação cintura/quadril (RCQ); parâmetros bioquímicos como colesterol total e frações, triglicerídeos, glicemia, insulina de jejum e ácido úrico; parâmetros clínicos como pressão arterial sistólica e diastólica e estilo de vida como hábitos alimentares, atividade física, tabagismo. O percentual de gordura corporal foi estimado por duas bioimpedâncias elétricas: BIA1 (tetrapolar horizontal); BIA2 (vertical com oito eletrodos táteis) e pelo DEXA. A resistência à insulina foi determinada utilizando-se os níveis de insulina e glicemia de jejum por meio do HOMA-IR. Utilizou-se critérios para o diagnóstico da síndrome metabólica da WHO (1998); EGIR (1999); NCEP/ATPIII (2001) e IDF (2007) com adaptações propostas para adolescentes. A análise fatorial de componente principal foi empregada na investigação do agrupamento dos componentes da síndrome metabólica e a regressão logística para avaliar os fatores associados à resistência à insulina. Utilizou-se o gráfico de Bland Altman, Índice de Kappa, calculou-se os erros totais e erros padrões de estimativa (EPE) e os valores de sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo e negativo na avaliação do melhor equipamento para predição de gordura corporal. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. Em relação ao estado nutricional, 21,3% apresentava excesso de peso e 43% apresentaram percentual de gordura corporal inadequado pela bioimpedância vertical com oito eletrodos. O colesterol total foi o que apresentou maior percentual de inadequação (58,6%), seguido do HDL (34,4%), LDL (33,6%) e triglicerídeos (14,8%), com diferenças em relação ao sexo e fase da adolescência. Observou-se inadequação em 10,3; 10,0; 2,9 e 0,75%, respectivamente, em relação ao HOMA-IR, insulina, pressão arterial e glicemia. A bioimpedância vertical com oito eletrodos foi mais eficaz na avaliação da gordura corporal do que a bioimpedância horizontal tetrapolar, por apresentar maior correlação e concordância com o DEXA e menores EPE. Os adolescentes da fase inicial apresentaram maiores valores de colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos, glicemia de jejum e relação cintura/quadril, ficavam menos tempo sentados e realizavam maior número de refeições (p<0,05). A resistência à insulina esteve associada à inadequação na composição corporal, nos níveis bioquímicos e no estilo de vida, sendo diferente para cada fase da adolescência. A prevalência da síndrome metabólica variou de 0,4-5,7% de acordo com o critério utilizado, não se observando diferença por sexo e fase (p>0,05). A análise fatorial reduziu onze variáveis inter-relacionadas a um conjunto de quatro fatores, comportando-se de forma diferente para cada fase da adolescência, sendo que o fator 1 relacionado às alterações da composição corporal (IMC, perímetro da cintura, RCE e percentual de gordura corporal) explicaram aproximadamente 30% da variância total. Observou-se que 9,8% apresentavam risco para a síndrome metabólica pelo critério sugerido neste estudo, considerando o percentil 90 das variáveis e 14,6% considerando os pontos de corte estabelecidos pela curva ROC. Sugere-se mais estudos para padronizar a síndrome metabólica em adolescentes bem como mais estudos que confirmem a utilização de um novo critério para diagnosticar o risco de apresentar síndrome metabólica considerando a presença de uma alteração na composição corporal mais duas inadequações (níveis lipídicos, resistência à insulina, ácido úrico, pressão arterial), utilizando pontos de corte segundo sexo e fase. A alta prevalência desses distúrbios metabólicos e o estilo de vida inadequado apresentados podem comprometer a saúde atual e futura destes adolescentes, justificando a necessidade de intervenção constante junto a esta população, reforçando a importância de programas específicos de atenção à saúde do adolescente.