Presença de Escherichia coli diarreiogênicas em bovinos provenientes de criações extensiva e intensiva e na linha de abate e processamento
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/28752 https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2021.027 |
Resumo: | Embora Escherichia coli faça parte da microbiota comensal do trato intestinal humano e animal, alguns patotipos denominados genericamente como E. coli diarreiogênicas (DEC) podem causar infecções intestinais. Animais de produção, principalmente os bovinos, são considerados reservatórios naturais de DEC e a principal fonte de contaminação de alimentos. Nos abatedouros, DEC pode ser transferida para carcaças durante o abate e, subsequentemente, para o produto final durante o processamento. Assim, esses produtos podem atuar como potenciais veículos de transmissão de DEC para humanos. Este estudo teve como objetivo avaliar a presença de E. coli patogênica em bovinos provenientes de dois sistemas de criação (extensivo e intensivo) e em abatedouros frigoríficos de bovinos, bem como identificar E. coli produtora de toxina de Shiga (STEC) e demais patotipos (E. coli enteroinvasiva, EIEC, E. coli enteropatogênica, EPEC, E. coli enterotoxigênica, ETEC e E. coli enteroagregativa, EAEC). Amostras de bovinos (cem animais de cada sistema de criação) foram obtidas em diferentes etapas do abate: amostras de carcaças, coletadas após sangria (n = 200), após evisceração (n = 200) e após lavagem final (n = 200), e amostras de fezes (n = 200), coletadas imediatamente antes da etapa de oclusão do reto. Ainda, foram obtidas amostras de água industrial (n = 10) e água residual proveniente da lavagem final das carcaças (n = 10), e amostras de cortes cárneos (n = 90). Todas amostras foram submetidas ao isolamento de E. coli com base na metodologia ISO 13136 e através de isolamento em ágar MacConkey. Isolados identificados como DEC (n = 270) foram submetidos à caracterização de acordo com determinantes genéticos de virulência e à determinação do grupo filogenético. Das 910 amostras coletadas, 94 (10,3%) foram positivas para algum tipo de DEC, das quais 82 foram amostras de fezes dos animais abatidos e doze de carcaças, especialmente após a sangria. Amostras de cortes cárneos e de água não apresentaram DEC. Dessas 94 amostras positivas, 81 amostras foram positivas para STEC, oito amostras foram positivas para EIEC e cinco amostras positivas para EPEC. A partir das frequências de DEC nos bovinos amostrados, animais criados em sistema extensivo apresentaram maior frequência de STEC (n = 48, 48,0%) quando comparados a animais criados em sistema intensivo (n = 23, 23,0%) (p < 0,05). Com relação aos demais patotipos isolados, EPEC e EIEC, não foram observadas diferenças significativas entre os sistemas de produção em relação as frequências de bovinos positivos (p > 0,05). Entre os isolados obtidos, o patotipo mais isolado foi STEC (n = 251, 93,0%), seguido de EPEC (n = 11, 4,0%) e EIEC (n = 08, 3,0%); nenhum isolado de DEC foi caracterizado como EAEC ou ETEC. De acordo com a caracterização dos isolados de STEC, três (1,2%) carreavam o gene stx1, 148 (59,0%) carreavam o gene stx2 e 85 (33,9%) carreavam ambos stx1 e stx2; 22 (8,8%) isolados apresentaram o gene eae. Todas as EPEC isoladas foram classificadas como EPEC atípicas. O grupo filogenético mais frequente foi o filogrupo B1, seguido pelo filogrupo E. Este estudo fornece evidências adicionais de que os bovinos são fontes potenciais de DEC. A detecção de E. coli patogênica em fezes e carcaças de bovinos associado a não detecção em amostras de cortes finais sugere que procedimentos adequados durante o abate e processamento da carne podem desempenhar um papel importante no seu controle. Os bovinos de ambos os sistemas de produção apresentaram DEC, no entanto, foi possível verificar uma influência do sistema extensivo no isolamento de STEC. Os isolados obtidos nesta pesquisa, sobretudo STEC, apresentaram importantes fatores de virulência, destacando o alto potencial de patogenicidade dessas cepas e reforçando a importância do controle e monitoramento de DEC, no campo e em abatedouro de bovinos, visando minimizar a contaminação de produtos finais. Mais estudos são necessários para determinar os fatores que influenciam a prevalência de STEC em bovinos, os quais auxiliarão no desenvolvimento de estratégias em toda a cadeia para controlar o risco de exposição da carne a cepas relevantes que podem ocasionar quadros clínicos graves em humanos. Palavras-chave: APPCC. BPF. Carne bovina. E. coli enterohemorrágica. Gado. Microbiota. Sistema de produção. |