Estresse oxidativo causado pelo cromo hexavalente e ação da vitamina C em Astyanax aff. bimaculatus (Teleostei: Characidae) machos adultos e potencial biossortivo da casca de coco verde (Cocos nucifera L.).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Condessa, Suellen Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Análises quantitativas e moleculares do Genoma; Biologia das células e dos tecidos
Doutorado em Biologia Celular e Estrutural
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/275
Resumo: Os metais pesados têm despertado grande interesse ambiental, por não serem biodegradáveis e pelo fato de, na maioria das vezes, o meio aquático tornar-se o destino final para esses poluentes metálicos. Uma vez neste ambiente, eles podem se acumular na biota aquática em níveis significativamente elevados, e porque muitas espécies aquáticas são utilizadas para consumo humano, elas podem tornar-se uma via de contaminação indireta para o ser humano. Além disso, por serem potenciais bioacumuladores de metais, espécies aquáticas podem servir de bioindicadores do grau de contaminação ambiental. Diante deste contexto, o presente estudo avaliou os efeitos da exposição ao cromo hexavalente [Cr (VI)] em diferentes compartimentos orgânicos de lambaris adultos, através de parâmetros histopatológicos, enzimáticos e morfométricos, também o poder protetor da vitamina C em animais expostos ao metal, e o potencial do pó da casca de coco verde no processo de biossorção do Cr. Para tal, foram utilizados 140 machos de Astyanax aff. bimaculatus em idade adulta, com média de peso corporal e comprimento total de 4,49±0,63 g e 6,00±0,47 cm, respectivamente, procedentes da Estação de Piscicultura da UFV, localizada na cidade de Viçosa-MG. Os animais foram mantidos em sete aquários de vidro, com água livre de cloro, mantendo-se 20 peixes por aquário, durante 15 dias (Experimento 1) e 45 (Experimento 2) dias. O tratamento consistiu em adicionar diferentes concentrações (1,0, 10 e 20 mg.L-1) de Cr (VI) na água. Sendo que sessenta peixes receberam Cr (VI) mais uma ração suplementada com vitamina C (Vit C+: 30 mg.Kg-1) e outros sessenta peixes foram expostos as concentrações do metal mas receberam ração comercial sem adição da vitamina (Vit C -). Vinte peixes foram utilizados como Grupo Controle, portanto não foram expostos ao metal e também não receberam ração suplementada de vitamina C. Após os períodos experimentais, 10 animais de cada grupo foram pesados, mensurados e eutanasiados. Fragmentos das brânquias, fígado, testículos, vértebras, intestino, cabeça e músculo foram coletados e utilizados para avaliação da concentração do metal através de espectrofotometria de absorção atômica. Fragmentos de brânquias, fígado e testículos foram fixados, incluídos em resina, cortados, devidamente corados e utilizados nas análises histopatológicas semiquantitativas das patologias encontradas, através do cálculo do Valor Médio da Alteração (VMA) e do Índice de Alteração Histopatológica (IAH), e também morfométricas quantitativas, com auxílio do programa para análise de imagem Image-Pro Plus. Para as análises enzimáticas de superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa S-tranferase (GST) e proteínas carboniladas, foram utilizadas amostras dos tecidos branquial, hepático e muscular. O potencial do pó da casca de coco verde no processo de biossorção do Cr foi testado utilizando-se soluções com as diferentes concentrações do metal supracitadas. Houve mortalidade dos peixes nos grupos 20VitC- e 20VitC+ a partir do 22o dia de tratamento. Foi constatado o acúmulo de Cr em todos os tecidos avaliados dos grupos VitC- e VitC+, dos experimentos 1 e 2. Foram quantificadas diversas patologias presentes em diferentes graus de severidade nas brânquias, fígado e testículos dos animais expostos ao metal. Os cálculos dos VMA revelaram que os tecidos branquial, hepático e testicular dos animais dos grupos VitC- e VitC+ nos experimentos 1 e 2 apresentaram danos discretos, moderados, intensos e severos. Os valores médios do IAH dos grupos VitC- e VitC+ dos experimentos 1 e 2 indicaram que o tecido branquial apresentou alterações leves; o tecido hepático, alterações leves; e o tecido testicular possuía alterações leves e moderadas. Foram observadas alterações na morfometria das brânquias, fígado e testículos. Foi constatado, também, que a exposição a diferentes dosagens de Cr (VI) pode alterar a formação de radicais livres nos peixes. Em relação à possível ação protetora da vitamina C, ela foi observada em diferentes graus nos diferentes tecidos dos lambaris, sendo observada uma interação desta vitamina com as enzimas antioxidantes (SOD, CAT e GST), na tentativa de reduzir ou neutralizar o estresse oxidativo induzido pelo Cr (VI). Quanto à biossorção, a casca de coco demonstrou ser um promissor material biossorvente. Pode-se concluir que a exposição ao Cr (VI), além de levar à bioacumulação em diferentes órgãos dos animais estudados, causou alterações patológicas e morfométricas nas brânquias, fígado e testículos, além de alterações enzimáticas e induziu estresse oxidativo nos tecidos branquial, hepático e muscular de indivíduos de Astyanax aff. bimaculatus