Espermatogênese no morcego Sturnira lilium (Chiroptera: Phyllostomidae): aspectos morfológicos, morfométricos e ultraestruturais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Morais, Danielle Barbosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Análises quantitativas e moleculares do Genoma; Biologia das células e dos tecidos
Doutorado em Biologia Celular e Estrutural
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/255
Resumo: O morcego Sturnira lilium possui hábito alimentar predominantemente frugívoro, sendo um importante polinizador, sobretudo para espécies de plantas que dependem dos morcegos para a polinização e dispersão de suas sementes. Pela sua importância, torna-se fundamental que se conheça como esta espécie de morcego se reproduz, bem como se há influência de fatores ambientais sobre seu ciclo reprodutivo, uma vez que esta influência tem sido reportada para diversas espécies de morcegos. Por existir pouca informação disponível sobre quantificação e caracterização da espermatogênese de morcegos objetivou-se, neste estudo, fornecer informações sobre a atividade testicular de S. lilium ao longo das estações climáticas anuais. Assim, foi realizada a caracterização morfológica e morfométrica, com cálculo dos índices indicativos de produção espermática, caracterização dos estádios que compõem o ciclo do epitélio seminífero e quantificação de sua capacidade androgênica, nos testículos de indivíduos adultos. Foram capturados 14 animais nas estações seca (n=7) e chuvosa (n=7), no município de Viçosa, MG. Após eutanásia, fragmentos testiculares foram processados histologicamente para avaliação morfológica, morfométrica e histoquímica, em microscópio de luz e para análise ultraestrutural, em microscópio eletrônico de transmissão. Os animais apresentaram IGS médio de 0,27 % e seus testículos seguiram a organização geral descrita para mamíferos. A análise ultraestrutural permitiu o acompanhamento da formação do capuz acrossômico nas espermátides arredondadas, além da caracterização de outras células que compõem os compartimentos tubular e intertubular. Considerando-se indivíduos de ambas as estações, o parênquima testicular foi composto por cerca de 85 % de túbulos seminíferos e 15 % de intertúbulo, sendo o comprimento tubular por grama de testículo de aproximadamente 80 m. A contagem de células em apoptose não revelou diferenças significativas entre as estações. A maior reserva espermática testicular foi observada na estação chuvosa, com 43,47x106 células, bem como a produção espermática diária, cuja média foi de 12,60x106 células na mesma estação. A presença de espermatócitos primários em zigóteno no estádio 1 do ciclo do epitélio seminífero, segundo o método da morfologia tubular, difere de muitos mamíferos descritos até o momento. Os animais deste estudo apresentaram índice mitótico médio de 15,4 células, índice meiótico de 2,9 células, rendimento geral da espermatogênese de 68,7 células e capacidade suporte das células de Sertoli de 7,0 células. Um ciclo do epitélio seminífero teve duração média estimada em 3,45 dias e aproximadamente 15,52 dias foram requeridos para a formação dos espermatozóides, a partir da espermatogônia. As células de Leydig foram o principal componente do intertúbulo, seguido pelos vasos sanguíneos, tecido conjuntivo e espaço linfático. O número de células de Leydig por grama de testículo foi de 11x107 células, não variando ao longo das estações climáticas, bem como o índice Leydigossomático (média de 0,03 %) e a dosagem plasmática de testosterona (média de 21 ng/mL). A análise ultraestrutural mostrou gotículas lipídicas abundantes no citoplasma das células de Leydig, além de fibras colágenas no tecido conjuntivo e espaços linfáticos de paredes delgadas, circundando os túbulos seminíferos. S. lilium apresentou comprimento tubular por grama de testículo maior do que o já observado nos demais mamíferos, contrastando com a menor duração de ciclo espermatogênico já registrada. Observou-se ainda elevado rendimento da espermatogênese, baixa capacidade suporte pelas células de Sertoli e grande investimento em células de Leydig. Conclui-se que morcegos S. lilium machos apresentam padrão reprodutivo anual contínuo na referida área de estudo, uma vez que a quantificação de grande parte dos componentes tubulares e intertubulares, bem como os níveis de testosterona se mantiveram constantes ao longo das estações climáticas anuais.