Consumo de produtos ultraprocessados, fatores associados e relação com risco cardiometabólico em crianças pré-púberes de Viçosa-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Mariane Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br//handle/123456789/25810
Resumo: Introdução: Nas últimas décadas ocorreram mudanças no padrão alimentar da população, com aumento no consumo de produtos ultraprocessados. A associação entre o consumo destes produtos e o aumento do risco cardiometabólico justificam o estudo em faixas etárias mais precoces. Objetivo: Avaliar o consumo de produtos ultraprocessados, os fatores associados e a sua relação com risco cardiometabólico em crianças pré-púberes de Viçosa - MG. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal de base-populacional realizado com 378 crianças de 8 e 9 anos, matriculadas em todas escolas da área urbana do município de Viçosa - MG. Foi aplicado um questionário semiestruturado contendo questões referentes aos dados sociodemográficos e de estilo de vida. Também foram aplicados três recordatórios 24 horas (R24H) em dias não consecutivos e um Questionário de Frequência do Consumo Alimentar (QFCA). A análise dos dados de consumo alimentar foi realizada com o auxílio do software Diet Pro® 5i, versão 5.8. Foi avaliado o consumo de energia; macronutrientes; gorduras saturada, monoinsaturada e poli-insaturada; colesterol; fibra; vitaminas e minerais. Além disso, foi realizada análise dos grupos de consumo alimentar, sendo utilizada a técnica Two-Step Cluster (TSC). Realizou-se a avaliação antropométrica (peso, altura, perímetros da cintura e pescoço), da composição corporal (% gordura), bioquímica (glicemia, perfil lipídico, insulina, leptina, PCR, ácido úrico, homocisteína e apolipoproteínas A1 e B) e clínica (pressão arterial) das crianças. A resistência à insulina foi estimada pelo índice TyG. Também foi realizada a avaliação antropométrica e de composição corporal dos pais das crianças. Utilizou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) para avaliação da situação de (in)segurança alimentar e nutricional das famílias das crianças. Modelos de regressão foram propostos para estabelecer a relação entre as variáveis dependentes e independentes. O nível de significância estatística considerado foi de 5%. Resultados: A ingestão calórica diária de produtos ultraprocessados foi cerca de 40%, tanto pelo Recordatório 24H quanto pelo QFCA. Crianças no terceiro quintil de consumo de produtos ultraprocessados apresentaram maiores prevalências de hipercolesterolemia, enquanto as no último quintil deste consumo apresentaram maiores prevalências de perímetro do pescoço aumentado, excesso de gordura corporal, hipertrigliceridemia, hiperleptinemia e níveis baixos de Apo A1. Com a análise Two-Step Cluster obteve-se a formação de dois grupos alimentares: “saudável” e “não saudável”. A presença de produtos ultraprocessados foi maior no grupo não saudável (24,1% vs 20,5%, p= 0,043). No modelo múltiplo, crianças de escola privada, que não recebiam Bolsa Família e cuja mãe trabalhava fora de casa apresentaram maior chance de consumo “não saudável”. O consumo de produtos ultraprocessados se associou ao risco de resistência à insulina e ao perfil lipídico alterado das crianças. Este consumo de associou ainda, a maior ingestão de lipídeos, gordura saturada e sódio. Filhos de pais com excesso de peso também apresentaram maior consumo destes produtos. Além disso, o consumo de produtos ultraprocessados se associou à situação de segurança alimentar e ao aumento do IMC, gordura corporal e perímetro da cintura maternos. Conclusão: Observou-se um elevado consumo de produtos ultraprocessados, o que pode estar associado ao maior poder aquisitivo das famílias. Além disso, a alta ingestão deste grupo alimentar se relacionou com alterações metabólicas. Acredita-se que esse resultado seja atribuído à composição nutricional deste grupo alimentar, uma vez que foi encontrado associação do maior consumo de UPP com maiores prevalências de inadequação dietética nas crianças. Tais resultados indicam a importância de ações de educação alimentar e nutricional em fases precoces da vida para a prevenção de doenças crônicas.