Inflamação subclínica na infância: associação com o risco cardiometabólico e consumo alimentar (Estudo PASE)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Suhett, Lara Gomes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27779
Resumo: Introdução: A concentração sérica da proteína C reativa (PCR) é considerada um importante marcador inflamatório e, quando aumentada, está associada ao maior risco cardiometabólico em adultos. Entretanto, estudos sobre a inflamação subclínica e seus fatores associados com a população infantil ainda são escassos. Objetivo: Avaliar a concentração sérica da PCR ultrassensível (PCR-us) e identificar fatores associados em crianças de Viçosa-MG. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal com amostra representativa de crianças com 8 e 9 anos, matriculadas em todas escolas da área urbana do município de Viçosa - MG. Foram excluídas do estudo as crianças com processo inflamatório agudo (PCR ≥ 10mg/L), sendo a amostra constituída por 350 crianças. Os Termos de Consentimento Livre e Esclarecidos (TCLE) foram assinados pelos pais das crianças participantes. Os dados sociodemográficos, dos pais e comportamentais foram coletados por meio de questionário semiestruturado. Medidas antropométricas, de composição corporal, clínica e metabólicas foram aferidas para avaliação do risco cardiometabólico. As crianças com a PCR acima do percentil 90 da amostra (≥ 1,82mg/L) foram classificadas com valores aumentados e potencial inflamação subclínica. Realizou-se avaliação do consumo alimentar por meio de três recordatórios 24 horas (R24H). A análise dos dados dietéticos foi realizada utilizando o software Diet Pro® 5i, versão 5.8. Os alimentos foram classificados de acordo com seu grau de processamento, bem como foram agrupados em subgrupos, visando identificar aqueles que mais contribuir am para o consumo de alimentos in natura e minimamente processados, processados e ultraprocessados (UPF). Os nutrientes foram ajustados pela energia pelo método residual. As análises estatísticas foram realizadas nos softwares Statistical Package for the Social Science® versão 21 (SPSS Inc., Chicago, IC, USA) e Stata versão 13 (StataCorp LP). O nível de significância estatística considerado foi de 5%. Resultados: A média da concentração sérica da PCR foi de 0,62 (±1,44) mg/L. As crianças com a presença de fatores tradicionais de risco cardiometabólico (excesso de peso, gordura ginóide e androide aumentados), componentes da síndrome metabólica (SM) (obesidade abdominal, HDL-c baixa e hiperglicemia) e fatores de risco não tradicionais (concentrações séricas elevadas de ácido úrico, homocisteína e apoB), apresentaram maiores de chances de ter a PCR aumentada. Também foi observada associação positiva entre a PCR e o acúmulo de fatores de risco cardiometabólico e dos componentes da SM. As variáveis sociodemográficas e maternas não se associaram à PCR. Observou-se uma maior frequência de PCR aumentada entre as crianças que realizavam mais de 5 refeições por dia. Sobre o consumo alimentar, as crianças com baixa ingestão de alimentos in natura, bem como aquelas com elevada ingestão de UPF, como guloseimas e carnes processadas, apresentaram maiores chances de terem a PCR aumentada. Além disso, 97,4% das crianças apresentaram baixa ingestão de cálcio, principalmente aquelas com menor renda, não brancas e estudantes de escola pública. As crianças com menor ingestão de cálcio (1o tercil) apresentaram maiores prevalências de PCR aumentada, perímetro da cintura em risco e menor prevalência de LDL aumentada. Conclusão: Neste estudo, as crianças com fatores de risco cardiometabólico (tradicionais, não tradicionais e componentes da SM) apresentaram maiores chances de ter PCR aumentada, indicando a ocorrência precoce de alterações cardiometabólicas e sua relação com a inflamação subclínica já nas fases iniciais da vida. A baixa ingestão de alimentos in natura, elevada de UPF, e baixa de ingestão de cálcio da dieta, também estão associados a maior chance de ter PCR aumentada, demonstrando a importância de hábitos alimentares saudáveis e consumo de alimentos fontes de cálcio para a prevenção da inflamação subclínica desde a infância.