Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Trancoso, Alcidéia Margareth Rocha |
Orientador(a): |
Paes, Silvia Regina |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
UFVJM
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://acervo.ufvjm.edu.br/items/c2ce14cb-8da5-4478-9b7f-05410c71f1ca
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Resumo: |
Situado na linha de pesquisa “Sociedade e cultura”, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Rurais, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, este trabalho mergulha na cosmologia de João do Lino Mar, Capitão do Terno de Catopês Nossa Senhora do Rosário de Bocaiúva, Minas Gerais, Brasil, conectando-a aos pensadores Gilles Deleuze, Henri Bergson, Michel Foucault, Eduardo Viveiros de Castro, Davi Kopenawa, Câmara Cascudo, Boaventura de Sousa Santos e Giorgio Agamben. Método é filosofia e intuição é método. Por isso, à luz da “filosofia da diferença” de Deleuze puxo o fio dos estudos de Karl Marx, capturo a estrutura e a dinâmica do sujeito observado, e descrevo os seus domínios internos e externos, alinhada à “ciência emergente e explicativa” de Boaventura. Utilizo o “artesanato intelectual” [meditação, caminhadas e sonhos], a “alternação biográfica” [minhas próprias memórias], a revisão bibliográfica e a reflexão teórica, como técnicas metodológicas. As trajetórias escolhidas para trilhar a metodologia foram pavimentadas, não apenas renunciando a alguns pressupostos da ciência clássica [neutralidade, generalização, redução, separação], mas, cultivando outros terrenos sensíveis aos pensamentos complexos da produção do conhecimento. Minha interpretação é de que João do Lino Mar tenha sido um homo tantum deleuzeano. Uma “uma vida” cujo corpo e cuja voz alcançaram impessoalidade imanente, abrindo as portas do castelo da ciência com a chave singular da intuição, em ligação direta com a natura naturans. Um “ato de resistência” cujo corpo e cuja voz forjaram, acumularam e guardaram um repertório específico, dando visibilidade a um mundo invisível, potencializando o coletivo, potencializando a rua e potencializando o coletivo na rua; criando uma linha de fuga para a ação permanente do quântico “algo doce” de que fala Gilles Deleuze em seu tocante último texto. Espero que a pesquisa contribua para que os saberes silenciados de João do Lino Mar ultrapassem o quintal de sua casa. Torço para que essa amizade aberta entre a sua sofisticada cosmovisão de mestre popular e o pensamento de alguns dos também mais sofisticados filósofos fortaleça as agendas contra-hegemônicas. Desejo ardentemente que a minha naif Metodologia das Sutilezas ajude a construir teorias capazes de abrir caminhos entre-intra-mundos. Quem sabe, observando as belezas e as ciências dos outros mundos, possamos restituir os sentidos e as delicadezas do nosso. |