“Impuros” e estranhos na Universidade Federal do Tocantins: impasses e perspectivas acerca da sociabilidade de calouros cotistas do Campus Araguaína

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Diêgo Araujo
Orientador(a): Oliveira, Adriano Machado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Tocantins
Palmas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Gestão de Políticas Públicas - Gespol
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11612/273
Resumo: A chamada Lei de Cotas no Ensino Superior – Lei nº 12.772/12 – proporcionou a estudantes oriundos de classe sociais menos favorecidos a oportunidade de cursarem um curso de graduação nas Universidades Federais, promovendo a inserção de jovens em um ambiente totalmente novo e, muitas vezes, díspare de sua realidade sócio-cultural. Realidade essa permeada pelas vicissitudes da sociedade contemporânea, que tem como principal motor o imediatismo das relações, provocando a construção de um indivíduo efêmero e totalmente inserido na lógica da sociedade de consumo. Dessa forma, analisamos em nosso trabalho as construções de sentidos dos estudantes cotistas a partir da entrada no ambiente universitário, bem como suas relações com a vida contemporânea, verificando até que ponto a sociedade de consumo exerce influência em seus planos e projetos no ambiente universitário. Para tanto utilizamos as categorias de impuros e estranhos postulados por Zygmunt Bauman, pois entendemos que os estudantes cotistas, por estarem fora de uma lógica de ordem social e representarem uma parcela que foi subjugada e colocada à margem da sociedade, são os impuros que provocaram a mudança da ordem social e são os estranhos que chegaram à universidade galgando espaços e se mostrando visíveis aos demais setores da academia. trabalhamos, também, com os conceitos de juventude e sociedade de consumo. Utilizamos como metodologia a pesquisa qualitativa, adotando o Grupo Focal e Questionário como instrumentos de coleta de dados. Para análise dos dados obtidos a partir das falas dos estudantes participantes da pesquisa, utilizamos a técnica de Análise de Conteúdo proposto por Laurence Bardin. A partir dos dados obtidos verificamos que a entrada na universidade promove ao estudante cotista mudanças na forma com que mantém e constrói suas relações sociais dentro e fora da academia, principalmente porque esse estudante entra em contato com uma gama de oportunidades que outrora não tinha acesso. O sentido em ser universitário constitui-se na medida em que considera o espaço social da universidade como um ambiente que lhes proporciona conhecimento, crescimento crítico e pessoal. Ademais, revela um estudante que busca, a todo o momento, formas de legitimação e constituição de sua identidade dentro da universidade. Na medida em que se deparam com toda a indumentária contrária à proposta do sistema de cotas, esses jovens forjam mecanismos de construção identitária fomentada no seio do próprio ambiente a qual estão vinculados. Ainda verificamos que para os cotistas, as vicissitudes da vida contemporânea exercem bastante influência na vida do jovem, uma vez que a todo o momento sofrem com as investidas da sociedade de mercado que impõem aos sujeitos a necessidade de usufruírem de bens que lhe darão a falsa sensação de prazer, ou um prazer fluído, esfacelado.