A produção de conhecimento em gênero e sexualidade no ensino de Biologia no Brasil: uma revisão sistemática (1996-2022)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Maia, Marcos Felipe Gonçalves
Orientador(a): Carvalho, Maria Eulina Pessoa de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Paraíba
João Pessoa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11612/5584
Resumo: Esta tese em educação trata dos conceitos de gênero e sexualidade no ensino de Biologia no Brasil. Com base em uma revisão sistemática de literatura, objetivando mapear e analisar a produção de conhecimento dessas temáticas no Ensino de Biologia no país, desde a LDB/1996 até 2022, imagina novas possibilidades de pesquisa e interlocução. Com os termos de busca “gênero, sexualidade, ensino de Biologia”, realizou-se um levantamento nas seguintes bases de dados: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/IBICT), Google Acadêmico, Microsoft Academic, Periódicos CAPES, Web of Science e Scopus. Chegou-se a um número de 71 trabalhos de vários tipos: teses, dissertações, TCCs de graduação e especialização, artigos de periódicos e apresentados em eventos científicos, e capítulos de livro. Em uma primeira aproximação descritivo-exploratória, a partir da leitura integral dos textos, elaboraram-se cinco categorias: 1) cronologia, 2) tipologia, 3) região geográfica, 4) indicadores bibliométricos e 5) focos temáticos. No recorte temporal 1996-2022, a primeira pesquisa só apareceu em 2004. O tipo de trabalho mais frequente foi artigo de periódico, seguido de dissertação, trabalho apresentado em evento, tese, TCC de especialização, TCC de graduação e capítulo de livro, em ordem decrescente. As regiões Sul e Sudeste juntas produziram quase 80% de toda a massa textual estudada. O foco temático foi subdividido em: 1) currículo, 2) docente, 3) discente, 4) práticas pedagógicas, 5) relação escola/comunidade, 6) corpo, gênero e sexualidade, 7) conhecimentos biológicos e 8) livros didáticos. Os indicadores bibliométricos sustentam o argumento de que a massa textual, mesmo heterogênea, apresenta qualidade (cursos e revistas bem avaliados), impacto (registro de citações e mínima autocitação) e produtividade científica (média de 78 publicações para cada uma das 113 autoras). Em uma segunda aproximação, conduziu-se nova análise de conteúdo, desta vez somente com os textos que apresentavam características empíricas e interventivas, excluindo-se aqueles de abordagem bibliográfico-documental. Foram analisados 32 textos agrupados segundo a intencionalidade da pesquisa: empírica ou interventiva Em seguida, foram selecionados trechos ilustrativos da diversidade de abordagens em gênero e sexualidade. Das oito abordagens, somente a tradicional não se manifestou; as outras sete (biológico-higienista, religiosa, em direitos humanos, em direitos sexuais, emancipatória, queer e pedagógico in-formativa) tiveram ao menos uma pesquisa como expoente; houve maior incidência nas abordagens emancipatória e em direitos sexuais. Ao final são apresentadas onze pistas para se pensar possibilidades para novas pesquisas e diálogos: A) não fugir da Biologia, B) ampliar a noção de currículo, C) formação docente, D) superar a dicotomia alunas como objetos, professoras como sujeitos, E) fontes de informações, F) o uso dos prazeres, G) prática pedagógica ou didática? H) família e comunidade, I) os conhecimentos biológicos, J) livros didáticos e K) indicadores bibliométricos. Em conclusão, considerando-se a articulação entre os conceitos de gênero e sexualidade na literatura científica estudada, evidencia-se que são conceitos complexos em processo de representação cultural, sendo insustentável a dicotomia entre saberes biológicos e saberes sociais/humanos para fins de ensino ou de Educação em Biologia, demandando-se, por conseguinte, um chamado à Biologia da naturocultura.