Avaliação do modelo de atenção primária para as doenças crônicas não transmissíveis no estado do Tocantins, 2012 e 2014
Ano de defesa: | 2019 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Goiás
Goiânia |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/11612/1575 |
Resumo: | As Doenças Crônicas não Transmissíveis são a principal causa de óbito em todo o mundo devido às doenças do aparelho circulatório, câncer, doenças respiratórias crônicas e diabetes, determinadas principalmente pelo tabagismo, uso abusivo de álcool, alimentação não saudável, inatividade física e sobrepeso/obesidade. Foram realizados dois estudos transversais utilizando a base de dados oriundas dos ciclos de avaliações externas do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, denominado PMAQ-AB, para o Estado do Tocantins. O primeiro estudo avaliou a adequação da Estratégia Saúde da Família ao modelo de atenção primária para doenças crônicas não transmissíveis e comparou as mudanças ocorridas entre os dois ciclos de avaliações externas do PMAQ-AB realizados em 2012 e 2014. Foram utilizadas as informações sobre a estrutura das 233 Unidades Básicas de Saúde e do processo de trabalho das 266 equipes de saúde. Para a análise foi utilizada a técnica de Análise de Componentes Principais para Dados Categóricos, denominada CATPCA, e o teste estatístico qui-quadrado de McNemar para comparação de amostras pareadas, a um nível de significância de 5% com Intervalo de Confiança de 95%. O segundo estudo avaliou e comparou a adequação do processo de trabalho das equipes de saúde da família nas Regiões de Saúde do Estado do Tocantins ao Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis. Utilizou-se as informações sobre o processo de trabalho de 361 equipes de saúde da família do ciclo 2 do PMAQ ocorrido em 2014. Também foi utilizada a técnica de análise CATPCA e os testes qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher, a análise post-hoc para comparação dos pares, denominada pairwise comparations, a um nível de significância de 5% e Intervalo de Confiança de 95%. A CATPCA para os dois estudos foi realizada no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences, versão 24.0 bem como o teste de qui-quadrado de McNemar. Os testes de qui-quadrado de Pearson ou de Fisher seguido das comparações dos pares foram realizados no software R. Os achados do primeiro estudo apontaram para a baixa proporção de dispensação de medicamentos para o tratamento de doenças crônicas. A disponibilidade dos materiais de rastreamento para câncer cervical foi significativamente reduzida em aproximadamente 5,0% nos dois primeiros ciclos do PMAQAB. Houve aumento significativo da vacinação contra influenza sazonal (de 49,8% para 84,5%) e do percentual de Unidades Básicas de Saúde com sala de esterilização (de 48,9% para 71,2%). xiii Mais de 70,0% das equipes de saúde passaram a realizar mais atividades de educação em saúde (de 77,1% para 89,8%) e incentivar atividade física (de 51,1% para 70,3%), registro de escolares com necessidades de saúde para acompanhamento (de 23,3% para 34,6%) e a avaliação da satisfação dos usuários (de 28,2% para 53,8%). Ações para grupos específicos de pacientes hipertensos e diabéticos reduziram significativamente em aproximadamente 3,0%. A análise do segundo estudo identificou que as equipes de saúde da família estão atuando em coerência com as ações estratégicas do Plano de Enfrentamento das DCNT, principalmente com o eixo promoção da saúde, porém com percentuais de adequação muito desigual nas Regiões de Saúde. Foram observados percentuais de adequação acima de 70% para a atenção aos grupos específicos de usuários (mulheres, idosos, hipertensos e diabéticos), solicitação de exames de eletrocardiograma e mamografia e incentivo à atividade física. Os menores percentuais de adequação (até 30,0%) foram observados para a busca ativa de casos de dependentes de álcool e drogas, utilização de protocolos para estratificação de risco para DPOC, cadastro de usuários com DPOC e obesidade, identificação das mulheres elegíveis para exame de mamografia e prontuário eletrônico. A análise de pairwise comparations das diferenças entre as Regiões de Saúde identificou maiores percentuais de adequação nas Regiões Bico do Papagaio (Região 1), Cantão (Região 4) e Capim Dourado (Região 5) em comparação com a Médio Norte Araguaia (Região 2) e Sudeste (Região 8). Com base nesses dois estudos, destaca-se a inadequação da Estratégia Saúde da Família ao modelo de atenção primária direcionado para as doenças crônicas entre os ciclos do PMAQ-AB avaliados, com notáveis deficiências na estrutura das Unidades Básicas de Saúde e com o processo de trabalho das equipes de saúde da família muito focado em grupos específicos. Houve pouco foco em ações intersetoriais, ações junto à população da área adscrita ou na promoção do autocuidado apoiado para doenças crônicas. O aprimoramento do modelo de atenção vigente requer a garantia de dispensação de medicamentos suficientes para o tratamento das doenças crônicas, incorporação tecnológica, registros eletrônicos de saúde, expansão das ações de rastreamento, utilização de protocolos, atuação interdisciplinar e de apoio matricial, ações intersetoriais, autocuidado apoiado e promoção da saúde para o enfrentamento adequado das doenças crônicas no Tocantins. |