Fogo, mudanças climáticas e a conservação da lacertofauna no Cerrado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Sousa, Heitor Campos de
Orientador(a): Malvasio, Adriana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Tocantins
Palmas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente - Ciamb
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11612/6608
Resumo: O fogo é um componente importante dos ecossistemas abertos, como as savanas brasileiras (Cerrado). No entanto, as mudanças climáticas e as atividades humanas estão alterando os regimes de queima. Isso pode ter impactos significativos na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos. A presente tese teve como objetivo estudar os efeitos sinérgicos das mudanças climáticas e dos regimes de queima no Cerrado e seus efeitos em larga escala sobre a fauna de lagartos e as percepções dos atores sociais quanto a esses aspectos. Para isso, cinco capítulos centrais abordam separadamente cada questão: o primeiro capítulo discute as percepções ambientais de residentes rurais e especialistas ambientais em relação ao Cerrado. Os residentes rurais tendem a ter uma percepção mais direta e espacialmente restrita do Cerrado, enfatizando frutas comestíveis e beleza cênica. Os especialistas ambientais, por outro lado, enfatizam a importância dos serviços ecossistêmicos da região, como a provisão de água e turismo. O segundo capítulo investiga as prioridades e motivações dos atores-chave envolvidos na gestão do fogo no Cerrado. Os residentes rurais priorizam a diminuição dos custos econômicos e das doenças pulmonares humanas, enquanto os especialistas ambientais priorizam a conservação da biodiversidade e seu uso tradicional. A maioria dos especialistas aprovou o uso do Manejo Integrado do Fogo (MIF) em áreas protegidas (91,84%) e privadas (79,59%). No terceiro capítulo, foram mapeados e classificados os principais regimes de queima no Cerrado. As queimadas são mais frequentes no final da estação seca, presumivelmente provocadas pelo homem. As queimadas são mais frequentes em condições mais secas e com maior radiação. Também foi observado que entre 1982 e 2018, houve um aumento da frequência e extensão de queimadas no Cerrado e mudanças na sazonalidade, com tendências a queimar mais no final da estação seca, em agosto e setembro. No quarto capítulo foram testadas hipóteses sobre como três componentes essenciais da resiliência demográfica (compensação, resistência e recuperação) covariam ao longo das distintas histórias de vida de três espécies de lagartos expostas a diferentes regimes de queima prescritas. Os resultados revelam que regimes de queima severos diminuem a capacidade de resistência, compensação ou recuperação. Além disso, identificamos o tempo de geração e a produtividade reprodutiva como preditores de tendências de resiliência em regimes climáticos e de queima. Nossas análises demonstram que a probabilidade e a quantidade de reprodução mensal são os fatores proximais da resiliência demográfica nas três espécies. No quinto capítulo, projetamos os tamanhos populacionais de lagartos sob diferentes condições ambientais, incluindo regimes de queima e mudanças climáticas. Os resultados revelam que populações com alta compensação, baixa resistência e longos tempos de recuperação apresentam tamanhos de população maiores. Dependendo do cenário do regime de queima, as populações podem amortecer ou aumentar seus tamanhos em determinadas áreas, especialmente nas porções leste e sul da distribuição geográfica do Cerrado. Para organismos de pequeno porte, como lagartos, o ritmo de vida (crescimento, maturação sexual e morte) e o esforço reprodutivo dos indivíduos são fatores determinantes para a persistência das populações em um mundo com regimes climáticos e de queima mais severos.