Processos de perdas e lutos: experiências de familiares cuidadores e pessoas diagnosticadas com câncer.

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: CARVALHO, Gabriela Borges
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro; Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação; Brasil; UFTM; Programa de Pós-Graduação em Psicologia
• Palavras-chave em Português: Neoplasias.; Pesar.; Cuidadores familiares.; Terapia de grupo.; Neoplasms.; Grief.; Family caregivers.; Group therapy.; CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
• Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1650

O luto é compreendido como o processo que se dá após o rompimento de um vínculo importante, de forma simbólica ou concreta, podendo estar presente em mudanças significativas no decorrer da vida. A doença oncológica, devido a sua associação e proximidade com a finitude, divide a vida de uma pessoa em antes e depois, trazendo impactos que afetam as esferas pessoais, emocionais, sociais, econômicas, comportamentais, físicas e espirituais do enfermo e de seus familiares. O câncer, por trazer o reconhecimento da terminalidade da vida, desencadeia sensações de pesar e luto que podem estar presentes desde o diagnóstico, no tratamento, reabilitação e/ou morte. O cuidador familiar também se vê tomado pela ansiedade, medos e incertezas, tendo sua rotina diária afetada pelo tratamento de seu ente querido e podendo sofrer seus impactos na sua saúde física e mental. No intuito de buscar investigar e compreender como se dão os processos de perdas e lutos no adoecimento por câncer, e as possibilidades de cuidado e intervenção, e contribuir na produção científica do tema, esta Dissertação se dividiu em dois estudos. O Estudo 1, de delineamento qualitativo-descritivo, teve como objetivo discutir como mulheres com câncer significam as perdas e lutos durante o diagnóstico, tratamento e reabilitação. Entrevistas foram conduzidas em formato on-line com onze mulheres diagnosticadas com câncer (mama e tireoide), sendo convidadas por Formulário Google que solicitou os dados sociodemográficos das participantes. Um roteiro de entrevista semiestruturado foi elaborado com questões que abordaram o impacto do diagnóstico, as mudanças advindas ao longo do tratamento e as perdas e lutos vivenciados ao longo do processo. As entrevistas foram transcritas na íntegra, analisadas conforme orientações metodológicas de Mary Jane Spink e ancorada nas contribuições contemporâneas sobre luto e psicologia da saúde, tendo sido selecionados dois eixos temáticos: (1) perdas e luto advindos da descoberta do diagnóstico; (2) perdas e luto vivenciados ao longo do tratamento e reabilitação. Apesar dos constantes avanços da medicina, o câncer continua tendo um impacto por vezes devastador para quem adoece, perdurando após anos de cura. Os resultados demonstram o desafio em lidar com as perdas e sensações de luto decorrentes do adoecimento, tratamento e reabilitação, constatando a necessidade de maiores investimentos que promovam o cuidado e a saúde dessa população. O Estudo 2 consiste em uma revisão integrativa da literatura que teve como objetivo apurar sobre as terapias de grupo com familiares cuidadores em situações de luto por câncer. Buscas foram feitas no Portal de Periódico Capes no período temporal de 2010 a 2021, resultando em uma amostra de nove artigos. A revisão corrobora com a compreensão do efeito por vezes, devastador, que o adoecimento, tratamento e/ou morte por câncer acarreta na vida dos familiares e em sua saúde física e mental. Os grupos podem ser considerados importantes dispositivos de intervenção junto a essas pessoas, e, pela amostra ter incluído apenas artigos de realidade europeia e norte-americana, vê-se a necessidade de desenvolver pesquisas brasileiras que contemplem as intervenções grupais de acordo com a realidade sociocultural do país, e investimentos continuados em intervenções de promoção de saúde que possam apaziguar os impactos do câncer e luto nessas pessoas.