O significado de atuar em uma equipe de saúde da família: estudo de caso com cirurgiões-dentistas do município de Uberaba/MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Simões, Ana Carolina de Assis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Atenção à Saúde das Populações
BR
UFTM
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção à Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://localhost:8080/tede/handle/tede/148
Resumo: Grandes mudanças ocorreram nos anos 90 nas políticas de saúde do Brasil, devido à necessidade de rupturas com as formas de organização do sistema de saúde existentes até então. Mas foi em 1994 o ápice destas mudanças, quando o Ministério da Saúde apresentou o Programa Saúde da Família, hoje Estratégia Saúde da Família (ESF), que visa o fortalecimento da atenção primária à saúde. A inclusão de cirurgiões-dentistas (CD) na ESF iniciou-se somente em 2001 e caracterizou-se por uma ampliação no atendimento em saúde bucal em todas as regiões do país. Nesse sentido, a odontologia tem se familiarizado com mudanças no seu modelo assistencial tradicional, voltando-se aos cuidados preventivos e de promoção à saúde bucal, fundamentados na interdisciplinaridade e na perspectiva da integralidade do cuidado. Este estudo objetivou desvelar as práticas cotidianas do CD atuante na ESF; identificar a percepção do cirurgião-dentista sobre sua formação e capacitação para atuar na ESF e compreender como o CD significa a experiência de atuar em uma equipe de saúde da família. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo e exploratório, tendo como modo de investigação o Estudo de Caso. O caso delimitado para estudo foi o grupo de CD da ESF de Uberaba/MG, composto por 41 profissionais. Para coleta de dados procedeu-se entrevistas com CD que foram sorteados até o alcance da saturação teórica, ocorrida com 15 entrevistas. Após a leitura exaustiva dos discursos foram extraídas 632 unidades de registro, que deram origem às seguintes categorias e subcategorias de análise: O cotidiano do cirurgião-dentista na perspectiva da ESF; A autopercepção sobre a formação profissional e a atuação na ESF; Os significados de atuar na ESF e suas subcategorias: Desafios desvelados na prática cotidiana e A satisfação de atuar neste novo modo de fazer saúde. Desvelamos que o dia a dia destes profissionais perpassa pelas atividades desenvolvidas na própria Unidade de Saúde, em seus consultórios; pelas práticas de prevenção e educação em saúde, como as ações coletivas em escolas, creches, instituições de longa permanência; pelas visitas domiciliares; pelo trabalho em equipe; pelo vínculo com a população e pelos momentos de educação continuada. Na percepção destes profissionais sua formação não privilegiou a abordagem da assistência integral, de dimensão coletiva, e não estimulou a prevenção e a promoção da saúde. Dentre os vastos significados aludidos da atuação na ESF, estes profissionais citaram inúmeros desafios relacionados à desvalorização profissional, tanto pela população atendida, quanto pela gestão; assim como a complexidade da profissão, a escassez de recursos materiais e o trabalho difícil gerador de sofrimento. Por outro lado, também se referiram à satisfação, à gratidão, ao crescimento pessoal e profissional, e ainda, ao aprendizado que se obtém nesta prática, são significados que evolvem e ainda atraem profissionais para a atuação na ESF. É possível perceber a existência de um forte potencial humano naqueles que se dedicam e se esforçam diante dos desafios, provando que é possível mudar e fazer algo novo, mesmo quando há pouco ao seu favor.