Adequação medicamentosa aos Critérios de Beers e condução do tratamento medicamentoso por idosos atendidos em um ambulatório de geriatria do interior de Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: BUSO, Ana Luisa Zanardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Curso de Graduação em Enfermagem
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção à Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/411
Resumo: A polifarmácia e a prescrição de medicamentos considerados potencialmente inapropriados para idosos, associados ao modo de condução do tratamento medicamentoso instituído podem desencadear reações adversas a medicamentos (RAM) e expor uma faixa etária vulnerável a maiores riscos. O uso de ferramentas contendo listas padronizadas de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI), como a 2012 AGS Beers Criteria, são meios eficazes de averiguar o padrão de consumo destes medicamentos e auxiliar em um cuidado mais seguro. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a prescrição inapropriada de medicamentos para indivíduos idosos e o modo de consumo das medicações, incluindo automedicação, uso de MPI sem prescrição, possíveis ocorrências de interações medicamentosas com nutrientes e doenças e a presença de sinais e sintomas característicos de RAM; no Ambulatório de Geriatria da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Estudo observacional, descritivo e quantitativo, composto por parte retrospectiva e parte prospectiva. Realizado com idosos que iniciaram o acompanhamento no Ambulatório de Geriatria da UFTM no período de 01 de janeiro de 2013 a 30 de junho de 2015 tendo realizado, no mínimo, duas consultas e residindo em zona urbana de Uberaba. A primeira etapa da pesquisa foi realizada através da coleta de dados medicamentos em prontuários. A segunda etapa foi composta por entrevista domiciliar e contemplou dados sociodemográficos, perfil de saúde e medicamentoso, prática da automedicação, consumo de alimentos concomitante à medicação e sinais e sintomas de RAM. Os dados obtidos foram digitados e tabulados para realização de análises estatísticas descritivas e exploratórias, comparativas e por teste de hipóteses. Participaram do estudo 54 idosos e houve predomínio de sexo feminino (61,1%), faixa etária de 80├ 89 anos (38,9%), escolaridade entre 1├ 5 anos (46,3%), viúvos (51,9%), renda de um salário mínimo (66,7%), vivendo com filhos e/ou netos (53,7%), apresentando de quatro a seis comorbidades associadas (44,4%) sendo a hipertensão arterial a mais prevalente (72,2%), acometimento por uma deficiência (37%), tendo destaque a deficiência auditiva (38,9%). Em relação ao perfil medicamentoso, a maioria referiu terrecebido orientações de consumo (94,4%), não necessitar de ajuda para tomar as medicações (55,6%), tinham o esquecimento como principal dificuldade (62,5%), e consumiam os remédios em horário adequado (51,9%). Na primeira consulta ambulatorial, a polifarmácia atingiu 40,7% dos idosos e 55,6% estavam em uso de pelo menos um MPI. Na segunda consulta 50% dos idosos estavam em polifarmácia e 51,9% tinham indicação de consumo de MPI. O sistema cardiovascular foi o principal alvo de medicamentos em ambas as consultas (25,4% e 26,8%) e a Categoria terapêutica Dor foi a mais atingida pelos MPI prescritos (54,4%). Não houve adequação medicamentosa com a evolução do tratamento. Os idosos realizavam automedicação (79,6%), sendo prevalente o consumo de analgésicos (66,7%), a indicação de familiares e conhecidos foi o principal motivo para a prática (44,2%), e 52,3% consumiam MPI sem prescrição. Do total de idosos, 46,3% faziam uso de fitoterápicos, em sua maioria chás (92%), e não utilizavam suplementos vitamínicos (68,5%). Em relação às interações, 66,7% ingeriam medicamentos somente com água, 90,8% consumiam ao menos um dos alimentos que fazem interação com medicamentos, destacando-se o café (70,4%), e a demência associada ao consumo de medicações que podem interagir com a condição clínica atingiu 41,7% dos idosos que apresentavam esta condição. Todos os idosos (100%) apresentaram algum dos sinais e sintomas de RAM, destacando-se dificuldades com a memória (65%) e isolamento social (61,1%); a metade dos idosos (50%) relatou outros sintomas diferentes e 42,6% relacionou as RAM ao uso de medicamentos específicos. Os resultados permitem compreender o perfil dos idosos e do tratamento medicamentoso instituído pelo ambulatório que frequentam. As altas prevalências de prescrição de MPI e de automedicação refletem a necessidade de se realizarem mais estudos abordando essas temáticas. Deste modo, irão contribuir para possíveis adaptações de planos governamentais de distribuição de medicamentos e de venda livre, e para o desenvolvimento das ferramentas de auxílio nas prescrições voltadas para a realidade vivenciada em nosso país.