Enterococcus ssp. de origem clínica e ambiental: perfil de sensibilidade aos antimicrobianos, fatores de virulência e caracterização molecular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: CORREA, Fábio Ederson Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Instituto de Ciências da Saúde - ICS::Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1300
Resumo: Os enterococos são encontrados na microbiota intestinal de seres humanos e de outros animais, no solo, água, plantas, vegetais e alimentos. Todavia, nas últimas décadas esses microrganismos têm se destacado como agentes de infecções hospitalares devido a sua resistência intrínseca e adquirida aos diversos antimicrobianos. O uso inadequado de antimicrobianos na agropecuária contribui para o surgimento de isolados multirresistentes no meio ambiente os quais podem ser transmitidos aos seres humanos. O objetivo do presente estudo foi investigar a presença de espécies de enterococos em diferentes amostras não-clínicas (alimentos, animais, água e esgoto) e caracterizá-las quanto ao perfil de sensibilidade aos antimicrobianos e fatores de virulência. Foi investigado também se isolados de Enterococcus faecalis penicilina-resistente/ampicilinasensível (EFPRAS), que foram previamente obtidos de seres humanos, encontram-se disseminados no meio ambiente e se eles seriam geneticamente semelhantes. Amostras de diversas fontes não clínicas (alimentos, água, fezes de animais, esgoto) foram cultivadas para isolamento de enterococos. Os isolados foram identificados fenotipicamente em espécies e submetidos aos testes de sensibilidade a antimicrobianos (diluição em caldo e disco difusão) de acordo com o CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute). Foi feita a pesquisa da produção de gelatinase e hemolisinas. Isolados da espécie E. faecalis foram ainda comparados geneticamente pela técnica de PFGE (eletroforese em campo pulsado) com isolados clínicos obtidos previamente de pacientes do hospital de clínicas da UFTM. Foi feita a detecção do gene aac(6’)-Ie/aph(2”)-Ia, que confere alto nível de resistência à gentamicina (HLRG). As espécies mais prevalentes em amostras não clínicas de origem vegetal foram E. casseliflavus (28,6%) e E. faecalis (19,0%), mas, dentre as de origem animal foram E. faecalis (26,2%) e E. faecium (23,8%). Foi observada alta prevalência de resistência a eritromicina, tetraciclina, norfloxacina e ciprofloxacina. Dentre os isolados não clínicos de E. faecalis, 3 (2,9%) eram EFPRAS; todos foram obtidos do esgoto hospitalar e apresentaram HLGR. A prevalência de E. faecalis produtor de gelatinase de origem não clínica (50,5%) e clínica (55,8%) foi semelhante, porém, a produção de hemolisinas foi maior entre os de origem não clínica (63,5%) do que entre os de origem clínica (2,8%). Os E. faecalis submetidos ao PFGE (n=31) foram classificados em 19 pulsotipos (A-S). Os isolados de EFPRAS testados obtidos do esgoto (n=3) e de pacientes (n=4) foram classificados no mesmo pulsotipo. Um isolado de EFPRAS obtido do esgoto do hospital, o qual foi submetido ao MLST (tipagem por sequenciamento de multilocus), foi englobado no CC9 (complexo clonal), que é comumente encontrado em isolados hospitalares. Apesar da diversidade de espécies do gênero Enterococcus, as espécies mais prevalentes em amostras clínicas, ou seja, E. faecalis e E. faecium, também foram as espécies predominantes em amostras não clínicas. Muitos isolados de E. faecalis de origem não clínica apresentaram resistência a diferentes antimicrobianos, no entanto, isolados apresentando o fenótipo incomum de resistência à penicilina parecem ser restritos ao ambiente hospitalar. Os resultados do presente estudo ressaltam a necessidade de tratamento do esgoto hospitalar a fim de evitar que microrganismos multirresistentes oriundos do ambiente hospitalar sejam disseminados para o meio ambiente.