Infodemia relacionada à Covid-19 e seus impactos para os trabalhadores da saúde no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Freire, Neyson Pinheiro [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/65147
Resumo: Introdução: A pandemia do SARS-CoV-2 deflagrou uma infodemia, caracterizada pelo volume exponencial de informações, verdadeiras e falsas, sobre a Covid-19. Essa epidemia de informações, que permitiu expressiva circulação de notícias falsas, causou desinformação e tornou difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis sobre vacinas, medicamentos, tratamentos e medidas sanitárias, justamente no momento em que a sociedade mais precisava colaborar, para se proteger e debelar a crise de saúde pública decorrente do novo coronavírus. No Brasil, esse processo, associado à falta de clareza e objetividade das autoridades, pode ter contribuído para o elevado número de infecções e mortes registradas na população. Objetivos: Analisar o impacto, os limites e os avanços da infodemia relacionada à Covid-19 na perspectiva dos trabalhadores da saúde no Brasil; contabilizar o quanto a infodemia na pandemia da Covid-19 representou um obstáculo na atuação dos profissionais da saúde no Brasil; verificar se o posicionamento das autoridades sobre a Covid-19 repercutiu no trabalho dos profissionais da saúde. Métodos: Estudo exploratório, transversal, de abordagem quantitativa, com abrangência nacional, de amostragem não probabilística, com a participação de 15.132 profissionais que atuavam na linha de frente do enfrentamento à Covid-19 em instituições públicas e privadas de saúde de 2.200 municípios de todo o país. Entre outras perguntas, para fins de estudo infodêmico, o questionário continha três assertivas: As fake news em saúde são um obstáculo no combate ao novo coronavírus; Atendi paciente que expressou crença em fake news sobre a Covid-19; e Os posicionamentos das autoridades sanitárias sobre a Covid-19 têm sido consistentes e esclarecedores. Os entrevistados tiveram as seguintes opções de resposta: concordo, discordo e tanto faz, além da opção de não responder à questão colocada. Os dados foram transcritos para uma planilha e tabulados utilizando-se a estatística descritiva das variáveis, onde foram analisados média, mediana e desvio padrão. Os resultados foram apresentados sob a forma de quadros e tabelas. Resultados: Para 91% dos profissionais de saúde brasileiros, as fake news em saúde foram um obstáculo no combate ao novo coronavírus; 76,1% dos entrevistados declararam ter atendido pacientes que expressaram fé em fake news sobre a Covid-19; e apenas 29,3% concordam que os posicionamentos das autoridades sanitárias sobre a Covid-19 são consistentes e esclarecedores, ao passo que 62,6% discordam dessa última afirmação. Conclusões: Na percepção dos profissionais de saúde brasileiros, a infodemia sobre a Covid-19 confundiu as pessoas, prejudicou a adesão a medidas sanitárias e estimulou comportamentos negativos da população em relação à pandemia. A falta de clareza e as contradições dos posicionamentos das autoridades influíram no processo infodêmico sobre o novo coronavírus. A verdade foi relativizada, e a disputa de narrativas contaminou o debate público a respeito do tema. Esse ambiente de comunicação prejudicou as respostas da saúde pública e impactou negativamente no trabalho da maioria absoluta dos profissionais de saúde abrangidos por esta pesquisa.