Adolescentes e adultos jovens vivendo com HIV: comportamento sexual e infecção pelo HPV antes e após 3 doses da vacina HPV Quadrivalente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Machado, Alessandra Aparecida [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
HPV
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/65541
Resumo: Introdução: O Papilomavírus Humano (HPV) é considerado um importante fator etiológico para o desenvolvimento do câncer cervical. Pode estar associado a carcinomas de células escamosas do ânus, vulva, vagina, pênis, boca e orofaringe. Pacientes com imunodeficiências, como os indivíduos infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), estão em maior risco para o desenvolvimento de neoplasias anogenitais e lesões intraepiteliais associados ao HPV. Medidas profiláticas, como a vacinação, são de fundamental importância para prevenção de complicações geradas pelo HPV, especialmente nessa população. Objetivos:1) Descrever o comportamento sexual de jovens vivendo com HIV desde o nascimento; 2) Avaliar a frequência de infecções pelo HPV numa população de adolescentes e adultos jovens infectados pelo HIV não vacinados; 3) Realizar a vigilância de infecções pelo HPV no período de 12 meses após 3 doses da vacina HPV e 4) Caracterizar os genótipos do HPV identificados nessa população. Casuística e método: Estudo longitudinal com coletas em dois tempos, com 68 adolescentes e adultos jovens (12 a 26 anos) de ambos os sexos, infectados pelo HIV por via vertical, acompanhados no Centro de Atendimento da Disciplina de Infectologia Pediátrica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (CEADIPe - EPM - UNIFESP). O grupo controle foi composto por 78 indivíduos de faixa etária semelhante, de ambos os sexos e soronegativos para o HIV. Os participantes foram acompanhados durante um período de 18 meses e imunizados com solução injetável, quadrivalente HPV (Gardasil®) em três doses, com intervalos de zero, dois e seis meses. Investigados os antecedentes sexuais, condições e hábitos de vida no dia da 1ª dose da vacina. A coleta de material para citologia, detecção e genotipagem do HPV foi realizada 1 - 2 horas antes da 1ª dose da vacina e aproximadamente 12 meses após a 3ª dose. O material coletado foi semeado em meio líquido (Thinprep®) para preparo da lâmina para estudo citológico e molecular do HPV. O DNA extraído foi submetido à detecção e genotipagem do HPV. Resultados: O comportamento sexual de risco para IST está presente entre os jovens independente de sua soropositividade para o HIV. De 89 participantes analisados, verificou-se que, 95,5% deles apresentaram comportamento de risco favorecendo assim a disseminação de IST, inclusive do HIV. Embora não tenha sido observada diferença significante entre os grupos, foi possível perceber porcentagem maior de comportamento de risco entre os indivíduos sem HIV (98,3%) quando comparados aos soropositivos para o HIV (89,7%). Apesar dos participantes do grupo HIV apresentarem início sexual mais precoce que o grupo controle, os primeiros realizam sexo protegido com maior frequência. Os participantes HIV positivo relataram menor consumo de álcool quando comparado aos participantes HIV negativo, mas houve maior porcentagem de participantes com HIV que relataram fumar tabaco. Quanto à pesquisa de HPV, a auto coleta de material anal, realizada pelos participantes do sexo masculino, mostrou-se pouco eficiente em ambos os grupos, mas especialmente no grupo HIV, uma vez que mais de 50% das amostras foram consideradas insatisfatórias para realização dos exames citológicos. Todas as amostras que foram positivas na coleta inicial, em ambos os sexos, e em ambos os grupos (antes da vacinação), resultaram negativas na coleta final (após imunização), com exceção de um participante que apresentou HPV-59 na coleta final, mas não na inicial. A maioria dos tipos de HPV encontrados em ambos os grupos apresentam potencial oncogênico, reforçando a necessidade de acompanhamento para detecção precoce de possíveis alterações ao longo da vida. Da mesma forma, a maioria dos tipos de HPV encontrados não estão contidos na vacina quadrivalente. O início da vacinação desse grupo foi mais tardio do que as recomendações preconizadas atualmente e, parte dessa população, já havia entrado em contato com esse vírus. Apesar disso, as infecções pelo HPV não se mostraram persistentes, uma vez que na última coleta, nenhum dos participantes apresentou ou manteve a positividade encontrada na primeira coleta de amostras genitais ou anais.