A ordem médica e a desordem do sujeito na formação da identidade profissional médica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Almeida, Marilia de Toledo [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/10464
Resumo: Este trabalho teve como objetivo investigar a construção da identidade profissional de médico, considerando a diversidade de relações envolvidas nesse processo, em particular a relação médico-paciente, dentro da problemática da “desumanização da medicina”, questão trabalhada no âmbito da Saúde Coletiva. Adotando como referência a noção de habitus, tal como formulada pelo sociólogo Pierre Bourdieu e as noções de “identificação” e de “mecanismos de defesa” da teoria psicanalítica, buscamos investigar os mecanismos sociais e psíquicos envolvidos na construção da identidade médica, por meio da análise do processo de internalização e exteriorização dos elementos que caracterizam o “ser médico”, durante a formação profissional em medicina. Foram sujeitos da pesquisa estudantes de todos os anos do curso de graduação em medicina, médicos recém-formados e professores e preceptores médicos do curso de medicina de uma universidade pública da cidade de São Paulo. Dado o caráter compreensivo e interpretativo, intrínseco ao fenômeno estudado, optamos pela utilização da metodologia qualitativa. Como técnicas para o trabalho de campo, elegemos a observação das atividades dos estudantes que envolvessem contato com o paciente e entrevistas abertas com sujeitos selecionados a partir dos dados de observação (estudantes, residentes e professores). A análise dos dados foi realizada com base na leitura exaustiva do material de campo (registrado em diário de campo e pela transcrição das entrevistas) e na construção de categorias analíticas. Revelou-se a existência de mecanismos institucionais que promovem uma indiferenciação entre os alunos e que impõem aos mesmos elementos relacionados à dimensão social que a figura de médico representa, anulando suas características singulares. Da mesma forma, estes mecanismos estabelecem relações de poder e imputam um saber absoluto como exigência para a pertinência no lugar de médico. Ao anular a subjetividade do aluno, desorganizar sua identidade pessoal e exigir dele condições impossíveis de serem correspondidas na prática, estes mecanismos obrigam o estudante a lançar mão de mecanismos de defesa que o impedem de viver relações saudáveis com o outro.