Preferências e Seletividade Alimentar no Neurodesenvolvimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ramos, Claudia de Cassia (UNIFESP)
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/60685
Resumo: Dificuldades Alimentares (DA) são frequentemente relatadas na primeira infância. A incidência é estimada em 25% a 45% em crianças com desenvolvimento normal, e mais de 80% em crianças com dificuldade de desenvolvimento. Esse quadro pode ser transitório ou persistente, ocasionando alterações comportamentais, psicológicas, nutricionais e de crescimento. Responsável por atingir 0,6 a 1% da população mundial, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é a síndrome marcada por vários comprometimentos funcionais. Além dos sintomas relacionados a déficit na interação social, padrão de comportamento repetitivo, estereotipado e com interesses restritos, pais e cuidadores relatam hábitos peculiares relacionados aos alimentos e ao ato de comer dessas crianças. Recusa e seletividade alimentar relacionados à textura, ao cheiro, ao sabor, inflexibilidade quanto ao uso de utensílios, marcas e embalagens, além de problemas comportamentais durante as refeições. Esses sintomas impactam negativamente na saúde desta população, no seu convívio social e são observados com frequência. Muito embora pesquisas recentes agreguem informações no que se refere as condutas alimentares das crianças com transtorno do espectro autista, ainda não foi esclarecido se as dificuldades alimentares manifestadas por essas crianças saio diferentes daquelas manifestas por crianças com desenvolvimento típico. Sabe-se que as crianças com TEA apresentam mais problemas de alimentação e refeições que seus pares com desenvolvimento típico, alimentação mais restritiva por categorias e texturas, maior presença de recusa, maior fixação em utensílios, entre outros, sem evidências de falta de oportunidades no ambiente familiar. Estudos um pouco mais recentes já demonstraram que comparadas com crianças com desenvolvimento típico, não diferem em relação aos tipos de problemas alimentares apresentados, apenas em relação a frequência. Crianças com TEA são, aproximadamente, duas vezes mais suscetíveis a apresentar problemas alimentares do que aquelas com desenvolvimento típico. Desta forma o presente estudo tem como objetivo comparar o padrão de seletividade alimentar do ponto de vista sensorial dos alimentos, levantar o perfil dos pacientes e buscar diferenças entre os grupos para as variáveis como Habilidades de Alimentação (HA), Práticas Parentais e Dinâmica das Refeições entre crianças com TEA e seus pares com desenvolvimento típico em grupo controle. Trata-se de um estudo observacional caso-controle de dados coletados de pacientes no Centro de Pesquisa em Neuropsicologia - CPN do Departamento de Psicobiologia, Universidade Federal de São Paulo e autorizados para uso científico realizado em coparceira com o Centro de Dificuldades Alimentares (CDA) / Instituto PENSI baseado em utilização de dados de prontuários já coletados e autorizados para uso científico, anonimizados. A amostra final se constituiu de 110 registros de entrevistas e avaliações com pais/cuidadores e crianças entre 4 e 12 anos, de ambos os sexos, divididas entre grupo com TEA (N=55) e grupo controle (N=55). Foram selecionadas em cada grupo variáveis sobre informações demográficas, tipo de seletividade, presença de dificuldade ou atraso na transição alimentar, análise do inventário de alimentos, presença de comportamentos ritualísticos e/ou evitativos, hábitos de mouthing, HA (autonomia no ato de comer, postura as refeições e uso de mamadeira e demais utensílios), dinâmica das refeições e estilo parental. Foi realizada análise uni variada para comparação das diferenças entre variáveis de sexo, escolaridade, seletividade, dinâmica de refeições, estilo parental e habilidades de alimentação nos grupos com e sem DA, por meio dos testes Qui-quadrado, Exato de Fisher, T-Student e Anova. Foi realizada regressão linear e logística. Para as análises, considerou-se nível de significância menor que 5% e IC95%. O desfecho primário do estudo estimou a comparação nos grupos caso e controle de dados das características da seletividade alimentar sensorial e como desfecho secundário o levantamento do perfil dos pacientes buscando diferenças entre os grupos. Como resultados do estudo foram obtidos dados significativos para variáveis como alterações de mastigação e uso de chupetas, tipo de utensílios usados para o leite e fixação em utensílios, qual refeição é compartilhada, uso de distrações, sexo, escolaridade dos pais e estilos parentais, preferência por textura e a textura predominante, bem como a presença de orgânico associado. Crianças com TEA se alimentam mais rapidamente e com mais distrações, usam chupeta por menos tempo, porém a mamadeira a utilizam por tempo bem maior do que seus pares. A predominância da alimentação é sólida, com maior preferências e dificuldades com transição de texturas. Alterações sensoriais foram relacionadas ao TEA, bem como a fixação por determinados utensílios de alimentação. O estilo parental predominante foi o não responsivo.