Violência sexual: por que não revelar?
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9467570 https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/60095 |
Resumo: | Objetivo: investigar a prevalência de adolescentes e adultos jovens que foram vítimas de violência sexual em algum momento da vida e comparar a presença de sintomas depressivos e/ou ansiosos; qualidade de vida, uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas entre esta população e a que não sofreu abuso. Partindo dos adolescentes e adultos jovens que foram vítimas de abuso em algum momento de suas vidas, buscou-se entender o que os motivou a não revelar a violência sofrida. Métodos: Aplicaram-se questionários e instrumentos validados, em população de estudantes universitários, para avaliar: idade, sexo, nível socioeconômico, comportamento sexual, exposição a eventos traumatizantes (QUESI – presença ou não de violência sexual), sintomas depressivos (BDI) e/ou ansiosos (BAI), qualidade de vida (WHOQOL) e o uso ou abuso de tabaco, álcool e drogas ilícitas (ASSIST). Entrevistas foram conduzidas pelos pesquisadores com 22 indivíduos que foram vítimas de violência sexual (de acordo com o instrumento QUESI) para a obtenção da História Oral sobre o abuso experimentado. Resultados: Dos 858 alunos que responderam à pesquisa, 71 (8,3%) foram vítimas de violência sexual, sendo 52 meninas (73,2%). No grupo vítima de abuso havia mais alunos desfavorecidos economicamente, mais alunos que já tinham tido a coitarca (p=0,029), alunas que já engravidaram (p=0,001), estudantes com maiores escores para sintomas depressivos (p <0.001) e ansiosos (p=0.001), alunos com pior qualidade de vida (p<0.001) e que usavam de maneira abusiva tabaco (p=0.008), maconha (p=0.025) e hipnóticos/sedativos (p=0.048) quando comparado ao grupo não vítima. Vinte e nove episódios de violência foram vividos pelos 22 participantes das entrevistas. Três (10,3%) situações de abuso foram perpetradas por desconhecidos sendo excluídas da análise qualitativa. Das 26 situações de abuso perpetradas por conhecidos das vítimas, quatro (15,4%) nunca foram reveladas; cinco (19,2%), a revelação ocorreu quando o abuso já tinha cessado; oito (30,8%) foram reveladas e/ou detectadas e o abuso cessou; e em nove (34,6%) episódios, apesar da revelação ou detecção, a vítima continuou sendo molestada pelo agressor e nada foi feito. Conclusões: os impactos causados pelo abuso são diversos e afetam, mesmo a longo prazo, a vida dos sobreviventes. As vítimas revelam a violência sofrida, mas não basta a vítima falar, o adulto que recebe a revelação tem que estar apto a ouvir; não basta o adulto ver o abuso, ele precisa querer enxergar. Urge sensibilizar e educar a sociedade em como responder apropriadamente a revelaçãoe/ou detecção da violência sexual. Crianças e adolescentes que são vítimas desta barbárie precisam ser orientadas a revelar o abuso e solicitar ajuda para quantas pessoas forem necessárias até que sejam ouvidos e acolhidos. Abordar o tema e o discutir, amplamente, em todas as esferas da sociedade é forma de mobilizar, sensibilizar, instrumentalizar o coletivo, desmistificando o assunto e chamando atenção para essa importante questão social. |