Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Leite, Jacqueline Araújo [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/65094
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Resumo: |
Introdução: À medida que a sobrevida dos portadores de anemia falciforme (AF) melhora, manifestações crônicas de órgãos assumem papel preponderante na qualidade de vida e sobrevida destes indivíduos. A Doença Renal Crônica (DRC) é uma das manifestações que, sabidamente, aumenta com a idade. A prevalência e gravidade das comorbidades da AF (incluindo a DRC), entretanto, diferem entre os pacientes e na tentativa de se identificar uma explicação para este fato, estudos têm analisado uma possível influência de Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs). SNPs do gene Klotho (KL) além de apresentarem relação com envelhecimento, têm se mostrado importantes moduladores de gravidade na AF. Os SNPs do gene SOD2 (superóxido dismutase) foram pouco estudados na AF, mas têm sido associados a manifestações renais em indivíduos com diabetes mellitus. Objetivo: Avaliar relação entre o SNP rs9536314 do KL e o rs4880 do SOD2 e nefropatia falcêmica. Material e Métodos: Foram identificados 168 adultos com doença falciforme (SS e Sβ0) com acompanhamento regular no Hemocentro do Maranhão (HEMOMAR) e/ou Ambulatório de Hematologia no Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA). Este projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da UFMA e UNIFESP. Todas as amostras foram obtidas após concordância do paciente e assinatura do TCLE. As avaliações laboratoriais [incluindo creatinina sérica (C), cistatina C sérica (Cis) e determinação de albuminúria (Alb)] foram realizadas no Hospital das Clínicas da UFMA. O ritmo de filtração glomerular (eRFG) foi estimado pela fórmula CDK-EPI. A determinação de SNPs foi feita no Laboratório de Investigação de Anemias, UNIFESP, através da amplificação com discriminação alélica PCR em tempo real, segundo protocolo da Applied Biosystems®. Resultados: Após critérios de exclusão, foram avaliados 63 indivíduos, 56 (88,8%) com AF e 7 (11,2%) com S-0 talassemia (considerados como um único grupo, AF). Mediana de idade de 29,0 anos (variação de 19 a 51 anos), sendo 37 (58,7%) do sexo feminino. No grupo total de pacientes, a mediana (min-max) de C, Cis, Alb e do eRFG foi, respectivamente, 0,5 (0,20,8); 0,84 (0,57-1,33), 3,8 (0,1-672) e 136,37 (90,8-181,8). A maioria dos pacientes (45, 71%) apresentava valores de Alb abaixo de 10mg/g enquanto 78% apresentavam hiperfiltração (eRFG > 125 mg/min/1.73m2). O alelo mutado (G) do SNP rs9536314 teve frequência alélica de 0,16 e o alelo C do SNP rs4880 teve frequência de 0,51. Na avalição da relação entre os SNPs estudados e alterações renais, notadamente Alb e eRFG, o único resultado significante foi presença de eRFG mais elevado no grupo com pelo menos um alelo G do SNP rs9536314 (p=0,026). Discussão: Embora pequeno, o grupo de indivíduos estudado parece ser representativo da população falcêmica, desde que a frequência alélica é semelhante a estudos prévios em população brasileira, tanto saudável quanto falcêmica. O SNP rs9536314 tem sido associado a diferentes comorbidades da AF, porém pela primeira vez ele é referido como relacionado a alteração renal. O fato de o grupo com alelo mutado apresentar maiores níveis de eRFG sugere que ele seja um fator protetor, já que a queda da hiperfiltração nestes pacientes sugere evolução para DRC. Embora existam relatos de que o SNP rs4880 interfere no desenvolvimento de nefropatia em pacientes com diabetes mellitus, neste estudo não foi possível avaliar alguma relação entre os diferentes alelos e manifestações renais. Em nosso conhecimento, esse é o primeiro estudo a avaliar essa associação. Vale ressaltar que os critérios de exclusão utilizados foram bastante restritivos, o que não só diminuiu o número de pacientes elegíveis como também tornou o grupo bastante homogêneo. Este fato pode ter interferido nos resultados obtidos. Conclusão: A identificação de fatores associados a dano renal na AF, seguida de tratamento profilático e/ou adequado, deverá melhorar a sobrevida dos pacientes e diminuir a mortalidade associada à DRC nesta doença. Apesar dos resultados obtidos, este trabalho contribui no entendimento de fatores que contribuem nas manifestações crônicas da AF, especialmente renais. O estudo de fatores associados a esta comorbidade é desejável e mais estudos, de preferência multicêntricos, são necessários para o esclarecimento desta questão. |