Desinfectorio Central do Bom Retiro: incursões das ciências médicas sobre o mundo da arquitetura e do urbanismo (1891-1926)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: De Simone, Sergio Antonio [Unifesp]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/70019
Resumo: O Serviço Sanitário paulista, responsável pelo primeiro Código Sanitário do estado (1894), regulamentou os serviços de saúde pública e introduziu regras urbanísticas dedicadas ao saneamento do meio ambiente urbano. Em 1896, foi criada a Diretoria do Serviço Sanitário; embora, desde 1893, a desinfecção por meio de aspersão de compostos químicos era encargo do recém-criado Serviço Geral de Desinfecções (SGD), sediado no prédio erguido no Bom Retiro: o Desinfectorio Central (DC-SGD). Foi signo emblemático do período, testemunho primordial da estruturação do atendimento à saúde. Nessa lógica, médicos, engenheiros e arquitetos idealizaram exemplar arquitetônico de programa singular com novos equipamentos - veículos de períodos diversos –, procedimentos técnicos e farmacêuticos que atenderam aos processos de desinfecção de objetos e ambientes. Modelo remanente dessa concepção, seu caráter diferenciado exigiu singularidades e ajustes das instalações e aparelhos importados à estética arquitetônica do período. Equipamentos e tecnologias estabeleceram inéditos parâmetros tectônicos operaram profundas mudanças em busca de modernidade e progresso material e científico que a sociedade paulistana almejava conquistar, naquela conjuntura de pujança econômica, resultante da expansão da cultura do café. Até a década de 1920, o SGD foi o centro das ações de combate à transmissão de moléstias. Ao final, teorias miasmáticas verificaram-se equivocadas e medidas profiláticas caíram em desuso, como as desinfecções. O período de atividade o Desinfectorio revelou resquícios práticos da convivência entre ideias em momento de transição da medicina. Em 1925, o SGD foi extinto e o prédio abrigou outros setores de saúde. Ao enunciar novos programas de uso para as edificações e do espaço público, os códigos sanitários tornaram-se aparato de controle urbano e social, em função das epidemias. Assim, seu prédio foi o vórtice de articulação entre o conhecimento médico, o policiamento da imigração, a profilaxia urbana e o controle das conexões que se estabeleceram entre cidades interiorizadas no território paulista.