Adesão ao tratamento antirretroviral e fatores individuais associados com não-adesão na província da Zambézia, Moçambique

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Filimão, Dércio Belo Cesar [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=5556058
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/50668
Resumo: Introdução: Esquemas de tratamento antirretroviral (TARV) de primeira linha em Moçambique são baseados em inibidores não-nucleosídoes da transcriptase reversa (INNTR) de primeira geração, que têm baixa barreira genética. Objetivos: determinar 1) o nível de adesão dos pacientes que iniciaram TARV, durante período mínimo de dois anos, na província da Zambézia, Moçambique, entre janeiro de 2013 e 30 de junho de 2014; 2) o percentual de abandono do tratamento; e 3) fatores associados com não-adesão. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo. Em três centros foram incluídos pacientes que iniciaram TARV no período de estudo. Com base na retirada de ARVs da farmácia, não-adesão foi definida como atraso na retirada de ARVs por mais de 14 dias e abandono por atraso superior a 60 dias. Resultados: Um total de 1413 foram incluídos: 76,7% eram mulheres, 65,5% moravam em zona rural e 14,4% pertenciam a um grupo de apoio à adesão comunitária (GAAC). A média de idade foi de 32 anos (15 a 75) e o número médio de células CD4 no início de TARV foi de 398,19/mm3. Durante todo o período do estudo, somente 19% (268) dos pacientes permaneceram aderentes e 66,5% (939) abandonaram o tratamento. Ter 35 anos ou mais (OR: 0,843; p=0,012), ser atendido em zona urbana (OR: 0,754, p<0,001), receber esquema contendo Efavirenz (OR: 0,932; p=0,026) se associaram, de forma independente, com menor chance de não-adesão. Ser viúvo se associou com adesão significantemente maior que aqueles casados/união estável e solteiros, na análise univariada (p=0,01); Não pertencer a um GAAC se associou de forma independente a maior chance de não-adesão (OR: 1,431; p<0,001). Discussão e conclusões: Maior percentual de perda de adesão (44%) ocorreu já nos primeiros três meses de tratamento. Taxa de 19% adesão encontrada constitui o cenário mais otimista, uma vez que a retirada de ARVs não assegura a ingestão dos mesmos. Baixas taxas de adesão sugerem maior risco de desenvolvimento de mutações de resistência aos INNTRs e a mera adoção de esquemas significantemente mais potentes não se traduzirá em maiores taxas de supressão viral. Intervenções de melhoria devem focar o período pré-tratamento e os primeiros três meses de TARV. Ações em nível nacional e comunitário para redução do estigma, aceitação comunitária da infecção pelo HIV, descentralização do atendimento e dispensação de ARVs para melhorar o acesso dos pacientes à medicação.