Impacto da ingestão de dieta hipercalórica sobre respostas comportamentais, endócrinas e cardíacas ao estresse

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ortolani, Daniela [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=2895182
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48307
Resumo: No Capítulo I desta tese, avaliamos parâmetros comportamentais, endócrinos e metabólicos de ratos submetidos ao estresse crônico brando e imprevisível (ECBI), com acesso à ração comercial ou ração comercial e dieta hipercalórica (comfort food). O estresse não alterou a preferência por comfort food mas diminuiu a ingestão de ambas as dietas. No teste do labirinto em cruz elevado (LCE), os ratos submetidos ao ECBI diminuíram a porcentagem de tempo e de entradas nos braços abertos, com efeitos opostos nos braços fechados quando comparados com os ratos controles, ambas condições mais pronunciadas em ratos com acesso à comfort food. No teste do campo aberto, o ECBI diminuiu o tempo no centro, independente da dieta; nem o estresse ou a dieta afetaram o número de cruzamentos, levantamentos ou episódios de auto-limpezas. O aumento da corticosterona sérica induzido pelo estresse foi atenuado em ratos alimentados com comfort food. A concentração sérica de triacilglicerol não foi afetada pelo estresse ou dieta, no entanto o acesso à comfort food aumentou as concentrações séricas de colesterol total e glicose. Conclui-se que o ECBI tem um efeito anorexigênico e que o estresse crônico e a ingestão de comfort food induziram um perfil ansiogênico apesar da comfort food ter atenuado a resposta endócrina de estresse. Os presentes dados indicam que a combinação do estresse e o acesso à comfort food, ambos aspectos comuns da vida moderna, podem constituir uma ligação entre o estresse, comportamento alimentar e ansiedade. No capítulo II, avaliamos um modelo comportamental bioinformatizado (Home-cage Monitoring system, HCM) em camundongos C57BL/6J tratados cronicamente com corticosterona na água de beber. O tratamento com corticosterona aumentou a ingestão alimentar e líquida, diminuiu a atividade locomotora, aumentou a adiposidade, aumentou as concentrações plasmáticas de corticosterona, leptina, insulina e triacilglicerol, diminuiu a de grelina e não alterou a glicemia. Com relação a expressão de RNAm dos peptídeos hipotalâmicos, a corticosterona aumentou o peptídeo relacionado com a proteína Agouti (AgRP) e diminuiu o neuropeptídeo Y (NPY). Os outros neupeptídeos, hormônio liberador de corticotrofina (CRH), proopimelanocortina (POMC) e vasopresina (AVP) não foram alterados. A corticosterona produziu alterações substanciais nos padrões circadianos do comportamento. Nos comportamentos avaliados no HCM system, houve diminuição na probabilidade do estado ativo na fase escura e aumento no início da fase clara resultante da redução da duração do estado ativo na fase escura e aumento da taxa do estado ativo no início da fase clara. Essa redução da probabilidade do estado ativo durante a fase escura foi devido a diminuição da locomoção nesta fase. O aumento da probabilidade do estado ativo no início da fase clara foi devido ao aumento da duração e tamanho dos surtos de ingestão alimentar e líquida durante esta fase. A corticosterona diminuiu o tempo de exploração do novo objeto na caixa-moradia após 30 min de exposição. Os resultados mostraram diversas consequências comportamentais, endócrinas e metabólicas da exposição a elevadas concentrações de corticosterona avaliadas no HCM system. Além disso, revelou meios intrigantes e altamente específicos de como o tratamento com corticosterona altera os padrões comportamentais e sua regulação circadiana. No Capítulo III, investigamos a expressão gênica e protéica dos adrenoceptores beta (beta-ARs) em ventrículos esquerdos de ratos submetidos ao ECBI com acesso à dieta hiperlipídica. O ECBI e o acesso à comfort food não alteraram a expressão gênica dos beta1-AR, mas a expressão protéica apresentou-se diminuída nos ratos submetidos ao ECBI. Com relação à população dos beta2ARs, nem o estresse e a dieta alteraram a expressão gênica e protéica. Acreditamos que essa alteração na razão beta1/2-ARs seja resultado de mecanismo adaptativo do tecido cardíaco frente à situações de estresse, e que a ingestão de dieta hiperlídica apesar de reduzir as concentrações séricas de corticosterona induzida pelo estresse, não foi eficiente para alterar a expressão dos beta-ARs. No entanto, as consequências destas alterações sobre a função cardíaca devem ser investigadas.