Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Rocha, Francisco José de Araujo [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/70720
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Resumo: |
A síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV/AIDS) é uma epidemia globalizada contando já com mais de 75,7 milhões de pessoas infectadas e 32,7 milhões de óbitos devido a doenças relacionadas à aids desde a identificação dos primeiros casos em 1981. Há também uma epidemia paralela de significações, sendo construída por múltiplos significados, narrativas e discursos que se cruzam ou mesmo se sobrepõem. Os discursos biomédicos, religiosos e do ativismo social exerceram um papel crucial na construção dessas duas epidemias e parecem também interferir nos processos saúde-adoecimento das pessoas que vivem com HIV/AIDS. Através das narrativas de homens gays que vivem com HIV há três ou mais décadas, essa pesquisa buscou compreender as articulações entre sujeito, saber e verdade na relação daqueles homens com seus corpos e processo saúde-adoecimento. Para tanto foram realizado um mapeamento de significantes e uma análise discursiva tendo como referencial a teoria dos quatro discursos de Jacques Lacan. Através deste mapeamento discursivo, sob a perspectiva da psicanálise em interface com os campos da saúde coletiva e da antropologia, procurou-se verificar como esses discursos se relacionam com os processos saúde-adoecimento dos pacientes bem como quais os laços sociais e efeitos eles produzem. Como achado da pesquisa, ao se tomar o estigma como discurso do mestre, foi demonstrando como este produz posições de assujeitamento, identificações com o próprio vírus do HIV e como há uma montagem de uma realidade a partir de fantasias que interfere na própria construção do que seria ser uma pessoa que vive com HIV para cada um dos sujeitos. Um outro achado importante da pesquisa foi que que o corpo produzido por pelo saber biomédico é um corpo adoecido que deve ser submetido a regimes terapêuticos estritos e vigilância constante. Contudo esse corpo docilizado e colonizado pelo saber biomédico não coincidiu com o corpo constituído por pulsões e apreendido a partir das narrativas dos sujeitos em suas relações complexas com os processos saúde-adoecimento. Por fim, conclui-se que se faz urgente uma aposta na sustentação de uma escuta orientada pela psicanálise dentro dos aparelhos de saúde para que as pessoas que vivem com HIV possam narrar e testemunhar suas histórias e, então, produzirem posições discursivas que possibilitem subverter a lógica de assujeitamento do estigma. |