Análise da realização das oclusivas alveolares por aprendizes paulistas do espanhol como língua estrangeira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Conceição , Marcelo Gercino da Silva [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71527
Resumo: A presente pesquisa investiga a influência do fenômeno da palatalização que afeta as oclusivas alveolares /t/ e /d/ do português brasileiro (PB) no processo de aquisição de espanhol como língua estrangeira por aprendizes brasileiros de origem paulista. No português brasileiro, a palatalização consiste na realização de consoantes oclusivas alveolares como consoantes africadas alveopalatais em contexto fonotático anterior a vogal alta anterior /i/ e suas variantes fonéticas (ABAURRE e PAGOTTO, 2002). Diferentemente, a língua espanhola não registra esse processo fonológico. Isso posto, temos como pergunta­problema: de que maneira a realização da palatalização por aprendizes brasileiros de espanhol como língua estrangeira (ELE) interfere na interfonologia português­espanhol? O objetivo principal deste estudo foi investigar a transferência de regras fonológicas presente na L1 durante o processo de aquisição de segunda língua (L2). De modo mais específico, buscou­se identificar a interferência do fenômeno linguístico de palatalização, oriundo da L1, no processo de construção da interlíngua do aprendiz de ELE. Para tal, lançou­se mão da literatura sobre aquisição de L2 (WHITE, 2003;SLABAKOVA, 2016) com o objetivo de compreender a interação entre sistemas linguísticos. Adicionalmente, revistamos a Teoria Gerativa (CHOMSKY, 1966), mais especificamente, do Modelo de Geometria de Traços (CLEMENTS e HUME,1995) a fim de descrever as operações de espraiamento de traços que podem aparecer no processo de construção da interfonologia do aprendiz brasileiro de ELE. A hipótese da pesquisa foi a de que a palatalização é emergente e estatisticamente significativa na interfonologia do aprendiz inicial de ELE e se torna menos expressiva com o avançar dos níveis de estudos. Para testar essa hipótese, adotamos metodologicamente a linguística experimental para geração de dados e a análise estatística dos dados coletados. Com relação à amostra, essa foi construída a partir da gravação de 12 estudantes do curso de graduação de língua espanhola da UNIFESP, a saber: quatro aprendizes do nível básico, quatro do nível intermediário e quatro do nívelavançado. Além disso, compõe o corpus deste experimento as realizações acústicas do grupo de controle; dois falantes nativos de espanhol e quatro brasileiros sem conhecimento formal da língua espanhola. O desenho do experimento adotou o modelo de frase-­veículo, bem como levou em consideração a tonicidade e o contexto fonotático dos segmentos alvo. Os principais achados dos modelos de regressão logístico e análise de aquisição revelam: (i) o grupo de aprendizes de nível básico apresenta a maior média de ocorrência de palatalização, além disso, observou­se que o mínimo contato com a língua alvo faz com que o aprendiz desenvolva um sistema interlinguístico com pouca interferência de palatalização; (ii) o avanço no nível de proficiência em ELE resulta em menos aplicação de regras de africação, em termos de aquisição fonológica, pode­se observar que o ganho de especificidade produz a interrupção de formas palatalizadas em palavras classificadas como pretônicas e tônicas; (iii) viu­se que o contexto prosódico (postônico) e o contexto fonotático /sti/ contribuem para a ocorrência de palatalização nas realizações dos aprendizes, postulamos que fenômeno ganha motivação por estar na posição átona, bem como por ser resultado do ponto de articulação da consoante fricativa alveolar desvozeada /s/ em ambas línguas; (iv) há uma maior concentração de performances adequada no nível avançado, contudo persistem a realização palatalizada de palavras do tipo postônico e contexto /sti/ em todos os grupos de proficiência.