Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Melo, Cleber Henrique de [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/58431
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Resumo: |
Esta dissertação tentou acompanhar e problematizar apostas na clínica com autistas em dois equipamentos públicos de saúde mental na cidade de São Paulo. Foram prospectados um campo político-conceitual, algumas ações cotidianas e as problemáticas implicadas com aqueles que não operam em determinada lógica de reciprocidade, isto é, crianças, adolescentes e adultos diagnosticados com o chamado Transtorno do Espectro Autista – TEA. Desde que descrito pela primeira vez por Bleuler em 1911, para designar a dita “perda de contato com a realidade” e popularizado a partir de meados dos anos 40, o autismo ganhou cada vez mais uma construção menos psicodinâmica-interiorizada e mais neuro-cognitivista na clínica. Um deslocamento do afetivo-relacional (interrogar, interpretar, decifrar) ao cognitivo-cerebral (insuficiência, disfunção, déficit) nas concepções de diagnósticos e manejo do autismo – uma desubjetivação contemporânea que parece coincidir com os próprios sintomas do autismo. Nesta chave, diversas discussões acerca da temática vêm sendo sustentadas nos mais diferentes espaços, nas universidades, escolas, bancas de jornais, sendo que o autismo nos últimos anos, passou a ser taxativamente diagnosticado por pais, jornalistas, professores e profissionais da saúde na lógica da psiquiatria biológica e das neurociências, e, passa a ser reconhecido a partir de uma lista de verificações (checklist) de comportamentos e sintomas descritos nos manuais clínicos. Passase então a reconhecer neste diagnóstico um campo de interesse, seja para garantir lugares de saber-poder profissional, com ênfase adaptacionista a partir de determinados produções – comunicação, simbólico e linguagem – e/ou potência, para partilhar e constituir gestos a partir do que possuímos, abrindo margens para a construção de um campo territorial comum a nós. A partir dessas tensões, esta pesquisa tentou sondar na sua minúscula dimensão, como é produzida/pensada, pelo fio condutor das ações, a experiência com os diagnosticados com TEA nos Centros de Atenção Psicossocial - mais especificamente nos Centros de Atenção Psicossocial II Infantojuvenil Capela do Socorro “Piração” e no Centro de Atenção Psicossocial III Adulto Capela do Socorro. Esta investigação operou no espectro da perspectiva cartográfica e a produção/coleta de dados se deu por meio de estudos acerca das políticas de subjetivação contemporâneas, encontros com profissionais, crianças, adolescentes e pais dos diagnosticados com transtorno do espectro autista. Ocorreram oito entrevistas semiestruturadas com profissionais e com pais em ambos os equipamentos, além das narrativas dos encontros que se deram antes e durante a pesquisa, uma tentativa de imersão na experiência e na constituição da realidade dos acompanhados. Um exercício que implicou farejar, não se mexer demais, escavar, grunhir com a experiência, à espreita, com tateamentos, e, nesse enredado, os efeitos e problematizações da pesquisa se conectaram o tempo todo com uma clínica que vem se dado in loco com traços elementais, inumamos e animais em nós – e que também operam nos ditos autistas - o que pode permitir outras ações, com entraves e distintas perspectivas ético-políticas. |